A atriz Clarissa Pinheiro, saiu do Recife e veio para o Rio de Janeiro determinada a conquistar o Brasil e conquistou o público da TV com a personagem Penha, da novela Amor de Mãe, da Rede Globo. No início uma moça bondosa e subserviente, Penha mudou de atitude depois de ter sido injustamente acusada de um roubo. Um clima bem novelesco e um dos núcleos fortes da novela. Casada com o mocinha vê seu marido ser assassinado e se torna amante do assassino. Mas, Hollywood impossível. O clima de film noir ganha o toque cotidiano da zona norte do Rio de Janeiro. Graças a novelista Manuela Dias.
A mocinha se transforma naquilo que o público das novelas mais gosta: uma vilã irresistível. Sedutora e sensual que se joga nas emoções mais profundas. No momento em que as vilanias da personagem estavam começando a aparecer, a novela foi interrompida por conta da pandemia. O site foi conversar com a atriz para saber como ela está vivendo toda essa experiência.
Entre as pessoas que procuramos estão o jornalista Diego Perez com quem Clarissa Pinheiro estudou e o diretor de teatro Daniel Herz.
“Desde que Clarissa apresentou o primeiro trabalho na Universidade (jornalismo), chamei e perguntei se ela era atriz. Ela disse que não. E disse que ela havia nascido pra isso.Insisti para que ela participasse de alguns cursos de teatro. Assim que começou já mostrou enorme talento e capacidade de atuação. Penha cresceu muito por causa dessa entrega e tenho certeza que é só início de uma grande história de Clarissa nas novelas. O Brasil vai aplaudir ainda mais” contou Diego Perez
Já o diretor Daniel Herz definiu assim a atriz. “Ter a Clarissa por perto é um presente que se desdobra em vários presentes. Uma atriz espetacular que consegue surpreender sempre. Intensa e com um humor potente. Uma pessoa que quando chega, contagia o ambiente com uma mensagem subliminar de que a vida vale a pena”.
1 – No momento em que seu personagem começou a se destacar na trama, a novela Amor de Mãe saiu do ar. Como está sendo lidar com esse contratempo?
A situação atual do país, e do mundo, é bastante delicada. Estamos enfrentando um inimigo invisível e que exige a consciência de todos. A novela foi retirada do ar para que possamos superar essa fase. Claro que bate uma tristeza de ter que interromper assim, bruscamente, um trabalho tão especial, mas estou de total acordo com a conduta responsável da empresa. E tenho certeza de que voltaremos com tudo!
2 – Penha é um personagem incrível e de grande apelo popular. Como você construiu o personagem?
A Penha é forte, batalhadora e movida pela paixão. A princípio, o vetor que conduziu minhas pesquisas foi o do amor, da fidelidade nas relações. A personagem apresentava essa maneira amorosa de se relacionar, até mesmo com sua patroa, que tanto a destratava. Mas a trajetória da Penha mudou radicalmente, o que me fez mergulhar em outros sentimentos. Vingança, poder, soberba. Muito interessante a palheta de emoções da personagem. Está sendo um prazer navegar nessa pluralidade.
3 – Você surgiu no cenário artístico no filme “Casa Grande”, de Fellipe Barbosa. Com um pequeno personagem, você conquistou o público. Como foi esse seu encontro com o diretor? O que esse filme significa para você?
Fellipe foi meu professor na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Eu estudava Direção, mas durante suas aulas práticas foi acontecendo de eu ser chamada pelos colegas para atuar nos curtas deles. Quando o curso terminou, Fillipe estava começando a fazer a seleção de elenco para o seu filme, “Casa Grande”, e me chamou para fazer o teste. Foi quando consegui meu primeiro trabalho como atriz. A parceria foi maravilhosa e hoje estamos novamente juntos, no set de “Amor de Mãe”, já que ele é um dos diretores da novela. Não poderia haver coincidência mais especial.
Como foi contracenar com Sonia Braga no filme Aquarius, dirigido pelo Kleber Mendonça?
A Sônia é uma figura! Tem uma presença potente. É leve, divertida, disponível, entregue. Foi uma honra contracenar com essa diva do cinema brasileiro.
Tem vindo de Pernambuco a mais criativa e original produção cinematográfica do Brasil. Você que é pernambucana conte pra gente como surgiu essa onda do cinema de sua terra, que já nos deu filmes importantes como “Aquarius”, “Divino Amor”, “Tatuagem”, “Baile Perfumado” e “Bacurau”, entre outros?
Olha, pedir para um pernambucano falar sobre sua terra é o mesmo que dar milho a bode! Rsrs Mas, bairrismo à parte, Pernambuco tem tradição no que se refere a valorizar suas raízes culturais. Acho que no cinema não é diferente. Os filmes pernambucanos trazem a cultura local em sua assinatura e, nesse cenário genuíno, gritam e denunciam a desigualdade social, as injustiças, o preconceito. Acho que essa receita tem dado certo porque é uma necessidade atual, e de sempre. A luta por um mundo mais igualitário.
Como você definiria o cinema do diretor Kleber Mendonça?
Acho o cinema do Kleber bastante político. É um diretor engajado na crítica social, que trata em suas obras da paranoia da classe média brasileira – que busca uma pseudo segurança através de grades, fechaduras, muros e portas. Seus filmes escancaram a discrepância social.
Como está sendo a sua quarentena?
Tenho buscado manter o corpo e a mente ativos, apesar do enclausuramento compulsório. As gravações da novela foram suspensas e me mantenho em casa para evitar qualquer risco de contato ou transmissão do vírus. Estou aproveitando esse tempo para colocar em dia séries que eu tinha parado de assistir e filmes que gostaria de ver. Enfim, me munindo de cultura para enfrentar tantos desafios que ainda virão.
Que mensagem você gostaria de mandar para seus fãs?
Lavem as mãos, fiquem em casa e cuidem da sua saúde. Sei que nem todos poderão atender a esse pedido de ficar em casa, por isso tenham cuidado redobrado. É uma fase difícil, mas estamos todos juntos nesse barco e vamos passar por isso. Em breve Penha estará de volta para fazer e acontecer!
Fotos Divulgação
Com a colaboração de Waldir Leite @waldirleite58