A cineasta Joana Mariani lança seu novo longa metragem documentário “Me chama que eu vou” , sobre o cantor e ator Sidney Magal, agora nessa quarta feira dia 23 de setembro as 20 horas e 30 minutos, dentro da programação do Festival de Cinema de Gramado que passa também no Canal Brasil.
Conversamos com a diretora Joana Mariani que nos contou um pouco sobre o filme.
Conta um pouco da sua experiência de fazer esse documentário?
Conheci Magal nas filmagens do clipe “Tenho”, em 2007. Desde então nos aproximamos e sempre nos encontramos em São Paulo ou Salvador. A cada encontro, eram horas rindo e se emocionando, acompanhando os “ causos” e as histórias de vida dele, tanto profissionais quanto pessoais. Entretenimento da melhor qualidade. Daí veio a vontade de dividir essas narrativas com mais gente, através de um documentário. Eu propus a ele passar alguns dias com ele e a família em Salvador, para captar um primeiro material e definir a narrativa do filme. Depois, repetimos esse processo mais duas vezes durante a montagem do filme. O grande desafio era “desmontar” o Sidney Magal e entrevistar o Sidney Magalhães.
Porque o Sidney Magal?
Eu sempre gostei das músicas, da personagem, da originalidade dele como artista. Depois de conhece-lo pessoalmente, passei a admirar o homem. Magal tem uma maneira de olhar para a vida que me interessa, ele valoriza muito a vida pessoal e nunca se deslumbrou com a fama.
Foi muito complicada a pesquisa?
A pesquisa foi uma verdadeira busca arqueológica. Começamos pelo CEDOC da TV Globo (Globonews e Globo Filmes são co-produtores do filme), e na sequência os pesquisadores e nós acessamos os arquivos da TV Cultura, SBT, Record, Band e no Youtube. Nesse documentário, optei por não ter entrevistados falando sobre o biografado no tempo atual, então buscamos nas imagens de arquivo essas opiniões sobre ele. E além disso, material que ilustrasse todos os momentos dos 50 anos de carreira.
E a pós produção demorou muito?
A montagem foi mais longa do que o normal. A primeira ideia para a narrativa era aproveitar as comemorações de 50 anos de carreira do artista e fazer o documentário em cima do dia a dia dele durante este ano, a gravação do DVD, lançamento do livro, shows e outros eventos. Mas as entrevistas com ele em casa, relaxado, com a família ao redor, foram tão ricas que nos levaram à narrativa que temos hoje. . Costumo dizer que o realizador que acha que dirige um documentário está se enganando, porque quase sempre é o documentário que dirige o realizador. E foi esse o caso. Chegamos então ao conceito de mostrar o Sidney Magalhães narrando a carreira de Sidney Magal (que estava no material gravado desde o início, mas inicialmente não seria o eixo principal), e a partir daí, o filme foi crescendo rapidamente até chegar ao corte final.
Quanto a pós produção de fato – a finalização do filme – ela foi feita em tempo recorde, porque do momento que soubemos que havíamos sido selecionados para o Festival de Gramado até a data de entrega da cópia para o Canal Brasil, tivemos 1 mês.
O que você acha que o Sidney possui de diferente que arrebata tantas as pessoas e as mulheres principalmente?
Acho que o “Amante Latino” faz, ou fazia, parte do inconsciente coletivo feminino. O homem sedutor, misterioso, o cigano.
Esse jeito latin lover boy ainda tem ressonância nas mulheres de hoje tão empoderadas?
Acho que o interessante na personagem que Sidney Magal criou é que ela não ficou parada no tempo, intocada. O sex symbol dos anos 70 foi se atualizando, ficando mais divertido. Magal tem o dom de saber rir de si mesmo, de celebrar a vida, e isso é muito atraente. Para além disso, a vida pessoal dele – um casamento de mais de 40 anos estável, com 3 filhos – deixa claro que o homem embaixo dos macacões de lantejoulas é ainda mais brilhante do que as roupas que ele usa. E isso pode ser fascinante.