Ontem (16/10) agendei minha visita a ARTRIO 2020, na Marina da Glória. O tempo nublado tinha chovido um pouco ao meio dia e quase desisti. –Você é de açúcar, perguntou minha companheira de aventura Antônia Oliveira, a diretora da multimarcas Casa de Antônia, uma das mais diferenciadas da cidade. Uma vez Antônia me falou que queria vender arte, mas que a moda a tinha lhe abraçado.
Fomos de quase total white, Antonia naquela cor que na minha época chamavam de palha de seda e eu estreando uma camisa branca. Foi assim que aprendi, mas já há algum tempo virou off-white e eu estreando uma camisa branca. No caminho atravesso a cidade no uber da hora e não me importo mais em saber quem habita os apartamentos da orla. Sempre senti uma curiosidade da intimidade da vida privada dos apartamentos em qualquer parte do mundo. Lembrei-me da exposição “A Casa Carioca” no MAR que fui a algumas semanas e sobrevivi a exposição a vida externa meu primeiro compromisso público. Então, vou sobreviver a ARTRIO, disse para mim mesmo buscando achar confiança nesses tempos estranhos. Os prédios da Praia do Flamengo ainda me despertam alguma curiosidade, mas logo o extinto largado Hotel Glória me chama de volta á realidade da cidade pandêmica de antes da pandemia. A entrada com seus procedimentos regulatórios e tudo bem seguimos em frente.
Logo nos primeiros passos os resquícios decadentes da sociedade carioca ousam chamar minha atenção. Fujo. Me joguei no box do Max Perlingeiro e respiro arte. Uma respirada com máscara, porém a Nossa Senhora de Volpi linda esplendorosa no stand me alenta. No Paulo Kuczynski, a presença de Anita é arrebatadora. Para que não sabe Anita Kucznski é a filha do galerista/dealer. Sua simpatia e seu charme é o verdadeiro welcome da tarde na ARTRIO 2020. Além de outro Volpi dessa vez figurativo, mas com toda a energia e qualidade possível. Estou a cada dia mais apaixonado por Volpi. Anita está na linha de frente do “talvez” mais lindo stand da feira.
Aqui em casa tinha um Volpi. Pequeno de diferentes tons de azul das típicas bandeirinhas que ficava ao lado da Maria Leontina também azul. Foram embora logo no primeiro ano de desquite dos meus pais. Não quiseram ficar. Viraram kits de sobrevivência.
Dei-me conta que naquela hora eu tinha um quase total conhecimento do que havia acontecido na ARTRIO 2020 até aquele momento. Tinha visto todas as galerias online e feito minhas escolhas quase todas imaginativas e poucas com possibilidades reais. Feira é para comprar. Pena que a exposição “A Casa Carioca” não é para comprar. Caiu a ficha e ajustei minhas informações.
Não sabia que o Nanado Simões, que trabalhou anos com a Luciana Caravello, tinha ido trabalhar na Galeria Inox com os irmãos Gustavo e Guilherme Carneiro e junto com Claudio Cadeco. Agora formou o quarteto fantástico. O que mais eu não sabia? Fiquei sem saber.
Mais uns passos e encontro as beldades paulistanas Maya Messina e Fernanda Resston, que dupla. Lindas, chiques, jovens e totalmente envolvida no mainstream da arte contemporânea nacional e internacional. Box divine. Rodrigo Sassi e Dora Smék, lindos.
Outra presença chique e totalmente up to date na linha de frente da resistência cultura é a carioca Gabriela Davies. Eu simplesmente adoro. O querido Jayme Vilaseca é outro que dá vida ao setor de galeristas cariocas e seu Mulanbô, praticamente esgotou. Pedala Jayminho. Até esse momento o dinheiro que eu pensava em gastar ainda dava para guardar na cueca. Uma cueca boxer, ok.
Aí entrei na Galeria Vermelho, então já era. Fiquei perdido. Lia Chaia, Claudia Andujar, Marcelo Cidade, Rosangela Rennó, Henrique Cézar, Marcelo Moscheta e Dias&Redwig e aquele furor classe média, quase entendido em porra nenhuma tomou conta de mim. Se pudesse fazia igual à Maria; tá pra quando? E levava tudo.
Chega né, vamos para casa e não interessa saber que comprou o Kapoor afinal já vi Kapoor bem melhores. Cansei, o dinheiro já escorreu pela cueca e metamorfoseou em pensamentos abstratos. Fuja, Rony fuja, olha a covid. Nightmares. Mas, tudo vai acabar bem quando eu chegar ao Leblon. OMG!
Na verdade, a ARTRIO tem um charme só seu. Único. Vamos respeitar. Vamos torcer!
Vale lembrar que o stand da Bordalo Pinheiro é bárbaro com a presença de várias cerâmicas dos artistas nacionais. Todos juntos.