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O artista visual e estilista Cocco Barçante consolidou, em mais de 40 anos de carreira, fortes laços com o território ocupado por ele – seja o espaço geográfico ou mesmo o afetivo. Dessa relação saíram criações que ganharam vulto em eventos de moda ou em mostras de arte. Recentemente, inquieto-se com a situação dos expatriados, que deixam para trás sua terra (e referências) e, enfrentado condições precárias, chegam a países desconhecidos. Irrequieto, viu ali a mola propulsora para novas criações – ou “coleções”, como prefere chamá-las. 

A ideia era mostrar o novo trabalho em 2020, mas o novo coronavírus ganhou o mundo, ceifou vidas e adiou todos os planos. Os novos paradigmas trazidos pelos protocolos sanitários levaram o artista a ampliar a proposta inicialmente pensada. E, fechado (literalmente) na casa de Cultura que leva seu nome, em Petrópolis, deu tratos a “Territórios afetivos”, sua 31ª mostra, que ocupa o Centro Cultural Correios, onde ele volta pela segunda vez a expor no dia 15 de julho. A exposição tem curadoria da professora Lucimar Cunha, coordenação pedagógica do professor Paulo Antônio Igreja e pode ser visitada até 28 de agosto. 

O Painel Abraço ocupa a primeira das três salas da mostra, intitulada Mosaico Afetivo. Nela, o público encontra também 300 fotos em preto e branco, estampadas em tecido, de pessoas em posição de dar ou receber um abraço. Às fotos foram acrescidos detalhes bordados por algumas das 36 artesãs de cidades como Nova Iguaçu, Macaé e Itaperuna que colaboram com o artista desde o ano 2000. Os retratados são parentes, colaboradores e amigos (alguns famosos como Isabelita dos Patins e a atriz Mônica Martelli), todos ligados a Cocco.

No espaço que criou em Petrópolis, o Museu do Artesanato do Estado do Rio de Janeiro – o primeiro do estado voltado ao tema, aliás –, Cocco mantém o hábito de plantar mudas em sapatos velhos. A ideia não só cresceu (a ponto de espalhar-se pelo terreno) como inspirou a instalação que ocupa Meu Brasil, nosso Brasil, a segunda sala da mostra. Ali, um imenso mapa do Brasil de 3m de altura é preenchido por mais de 50 pés de sapatos.   Com essa obra o artista questiona nossa trajetória enquanto cidadãos da pátria onde nos inserimos da mesma forma que no planeta que ocupamos. E, com isso, joga luz também sobre os refugiados e as relações com as fronteiras que delimitam os territórios mundo afora.

Fui a exposição e fiquei encantado com a delicadeza e força do trabalho e Cocco Barçante respondeu a algumas questões.

O que você quer apresentar com a sua exposição?

 O principal da exposição é olhar o afeto visto de vários ângulos que estão representados em cada sala.  esse afeto através do  artesanato faz uma relação com a construção artesanal que é a vida. Nossas relações humanas o artesanato é mostrado como veículo para o afeto. A primeira sala mostra esse “Abraço” afetivo entre amigos, parceiros e que ficou tão distante nesses tempos de pandemia. Um mosaico afetivo.

 Qual o valor educativo que que a exposição propõe?

 Mostrar  importância do artesanato como linguagem criativa e levar o conceito do artesanato como construção do que é a vida. Conceitos de diversidade de pertencimento  do afeto com veículo de transformação da sua vida e do seu potencial e de conquistas.  O fazer criativo através de ferramentas simples.  A costura, o bordado e o trabalho em equipe. mostra a importancia de olhar o nosso território, nossa gente e nossa cultura. 

O que te inspira na cidade do Rio de Janeiro?

 O que me inspira no Rio que é uma questão do Brasil também é toda essa questão de  desigualdade social como chamar a atenção das pessoas através da minha arte e das artesãs todos problemas que afetam a cidade. Buscar soluções fazer com que as pessoas pensem que a sociedade é construída com igualdade e mais distribuição de renda. Essa é uma mensagem bem forte que quero passar com meu trabalho. 

Fotos Alex Martins 

Meu Brasil, Nosso Brasil

 

Painel Abraço

 

Painel No Cristo

 

Painel Rio de Amor