Nossa conversa hoje é com o artista visual Ronaldo do Rego Macedo. Uma trajetória completa e consagrada desse artista que começou a estudar arte no MAM-RJ e de lá partiu para conquistar o mundo das artes. Um mundo pelo e infinito. Suas construções pictóricas mostram uma disciplina e apego ao exercício criativo. Ao longo de décadas e de muitas exposições Ronaldo do Rego Macedo sempre esteve presente ativamente do circuito nacional da arte contemporânea. Muitos amigos de profissão ou não sua arte está aliada ao requinte e na técnica para muitos colecionadores e admiradores.
Direto de sua casa em Petrópolis, Ronaldo do Rego Macedo respondeu as nossas perguntas.
O que o levou à pintura como profissão?
Depois do período de estudos de arte e pintura no MAM-RJ, nos anos 70, fui capturado pela pintura, passando a me dedicar totalmente a ela.
Sua educação familiar e depois no colégio foi um impulso para você?
Meu pai foi pintor amador. No colégio e depois os estudos literários estimularam o interesse pelas artes
Qual a importância do Museu de Arte Moderna no Rio na sua carreira?
Estudei no MAM-RJ no início dos anos 70 e depois fiquei trabalhando ali. Primeiro, como monitor, em seguida organizando algumas exposições como curador e curador assistente.
O construtivismo brasileiro é ainda um movimento importante na arte que se produz hoje no Brasil?
A arte construtiva, especialmente o neoconcretismo nos anos 50, foi essencial para a renovação e a entrada definitiva do Brasil na via contemporânea. Diria que, até então, a arte no país seguia um modernismo requentado e sem potência. Lembro que venho e sou devedor desse campo construtivo, porém hoje não vejo mais importância radical no que seria um construtivismo tardio, estéril e decorativo, que alguns artistas insistem em “espremer”.
Como foi dirigir a Galeria do Centro Empresarial do Rio?
A galeria foi um acontecimento extraordinário para mim e para meu sócio na direção, Ascanio MMM. Ali lançamos jovens talentos que se profissionalizariam e apresentamos nomes consagrados na arte do Brasil. A importância histórica da Galeria do Centro Empresarial Rio é estudada por críticos e especialistas num livro que será lançado muito em breve.
Como você pensa hoje a relação artista/galeria é uma relação fadada ao desgaste?
De maneira alguma. O mercado é uma realidade inarredável. Viver do próprio trabalho dignifica o artista. Nas últimas décadas, as galerias e os artistas são altamente profissionais. Alguns inscritos no circuito internacional. Estou me referindo às galerias sérias que não extorquem os artistas, mas os promovem.
Qual espaço que o professor Ronaldo ocupa na sua carreira?
O professor é uma contingência. Sou antes de tudo um artista visual.
Quais são as suas referências artísticas e para você o talento se esgota?
O talento pode se perder na zona de conforto de um estilo que se repete, da falta de preparo intelectual, do desconhecimento dos meios técnicos e do ambiente cultural, que exige do artista permanente posição crítica. Para honrar dois dos meus professores que tinham agudeza de espírito e absoluta genialidade, ambos passaram pelo neoconcretismo, cito Aluísio Carvão e Lygia Pape.
Quais são atualmente as suas pesquisas?
Procuro esticar os limites da cor e da matéria, da cor-matéria, em áreas bastante densas de tinta em contraposição a outras, muito rarefeitas. Sempre numa linguagem abstrata, não figurativa.
Como está sendo trabalhar na pandemia?
A pandemia é um pesadelo sem fim, ainda mais no nosso país sem governo, sem vacinas e com péssimas campanhas sanitárias. Estou há mais de um ano recolhido no meu sítio em Petrópolis, numa quarentena rigorosa. Passo os dias no ateliê trabalhando incessantemente para manter o mínimo de equilíbrio físico e emocional.