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A artista Paula Boechat retorna ao Rio de Janeiro e expõe seus  trabalhos no seu próprio e novo espaço de trabalho, o Studio Ipê, a sua atual produção em pintura. 
Por longo período afastada da cidade, a artista carioca viveu em Paris, Fernando de Noronha e Recife. Foi nessa última capital que retomou sua pintura, quando participou da formulação do projeto Ateliê Pangeia. Instalado num prédio da década de 1930, no coração do Recife, o espaço, como o nome sugere, celebra o encontro de artistas de origens e formações diversas.  Paula e Aslan Cabral, que também é curador dessa exposição, acompanham e estiveram desde o início vinculados ao projeto.
Marca registrada de Paula, as imagens fluídicas em seus trabalhos recentes sugerem cores ou situações intuitivamente captadas pelos observadores. Ao tensionar traços e contrastes, suas propostas estimulam manifestações retinianas, que indicam abstrações a evidenciar um mundo em processo.  É onde estamos afinal: num mundo de intermitências, percebido como imanente. Passagens que se propagam no sentir, antes do ver. Por certo, muito do que nos oferece em suas imagens nos conduzem às ordens do devir.
A exposição contará com a organização da Galeria Chegamos, da qual Paula Boechat também participa. Aportada na plataforma internacional Artsy, a Chegamos com formato inovador, se mantêm há quase três anos como espaço virtual e organiza periodicamente eventos em espaços presenciais. https://www.artsy.net/partner/chegamos 
 Paula Boechat respondeu gentilmente a algumas perguntas para nós.

1) Quando você descobriu a arte?

Aos 16 anos entrei num curso de pintura, e aos 19, em Los Angeles, numa visita ao LA County Museum, percebi que a arte tinha infinitas possibilidades, porem consigo identificar a arte nas memórias de criança quando vivenciava  euforia com decorações de bailes de Carnaval, ficava fascinada! Com certeza , aquilo ja era parte de tudo que desenvolvi nos anos da minha trajetória.

2) Na escola ou em casa onde você teve sua iniciação artística?

Meu avô desenhava, esculpia… minha mãe tocava piano… estudei numa escola onde aprendi a bordar…minhas incursões na UCLA, e depois na Escola de Artes Visuais do Parque Laje foram decisivas mas, em outro plano de influencia sinto necessidade de citar também  Luiz Ernesto, Anna Bella Geiger e Tunga como partes essenciais da minha “primavera” artística.

3) A arte para você é um estado emocional que você pode alcançar a qualquer momento?

A arte para mim é trabalho, penso que em qualquer área há dias que estamos mais ou menos inspirados, mas sim, se eu me proponho a realizar algo, este estado emocional vem da vontade de resolver uma pintura ou o que eu estiver trabalhando no momento.

4) Quais são as suas referências artísticas?

A sueca Hilma Af Klint com certeza é a referencia mais forte desde que me deparei com a exposição na Pinacoteca. Descobrir que o primeiro artista abstrato da história não foi Kandinsky, nem Mondrian, mas sim uma mulher realmente mexeu comigo. Ela se dedicou à abstração e levava muito da sua busca espiritual para suas pinturas, e isso tem sido também parte dos novos processos que estou desenvolvendo no Studio Ipê, meu novo espaço de criação e exposição que inauguro junto com a minha primeira exposição de pinturas com a Galeria Chegamos, que abre dia 23.

5) Você no seu processo artístico faz escolhas ou você apenas deixa fluir?

Fazemos escolhas o tempo todo. Seja a busca pelos fluxos , energias abstratas ou por aspectos mais práticos como  o tamanho das tela, a paleta…todos os gestos, são sempre escolhas.

6) O que você pesquisa atualmente?

Estou terminando de ler a “psicologia das cores” da Eva Heller, me impressiona a abrangência da pesquisa que a alemã fez sobre as cores, desde a história aos seus efeitos, psicológicos, visuais, emocionais… sempre usei a cor de maneira intuitiva e agora consigo compreender melhor tendo este estudo como referência. Sou muito interessada na natureza, nas suas cores e mistérios, amo ver documentários sobre o espaço… recentemente descobri um aplicativo que identifica a ave pelo seu canto, fico alucinada com estas coisas.

7)  A arte é uma eterna busca interior ou você quer que sua arte represente seus pensamentos e suas opiniões?

Subjetividade, interioridade, expressividade, gestualidade… me interessa que a  arte produzida por mim toque lugares que nem sempre conseguimos apontar. Abstrair não é algo preciso, porem cada vez mais se torna uma capacidade  necessário aos seres humanos.

8) O seu processo é exaustivo ou é relaxante?

Ambos! é muito prazeroso quando um trabalho é bem resolvido. Mas a angustia nos fazer perseguir para além das zonas de conforto.

Esses processos podem ser ilustrados como energias de trocas sexuais , onde colocamos energia, desgastamos, mas no final expandimos e vez outra também reproduzimos e perpetuamos . Como ja disse Francisco Brennand “as coisas são eternas pq se reproduzem “ .

9)  A sua rotina de mãe, mulher, dona de suas escolhas, quando chega a hora de pintar tudo tem que esperar o tudo acontece ao mesmo tempo?

Tudo ao mesmo tempo agora, tem criança, escola, cachorro, marido, academia, casa, pintura, desenho, livro, yoga, natureza… mas como disse antes , arte pra mim é trabalho, me alimenta espiritualmente então concentro e foco nas praticas do meu atelier sempre.

10) O que é melhor um mergulho no mar de Noronha ou entrar no atelier?

Seria demais ter as duas potencias não colocadas em conflito ? Rs Uma coisa alimenta a outra, a natureza é minha maior fonte de energia e inspiração, afinal somos natureza.

 

Paula Boechat

 

Paula Boechat