No próximo sábado (26/03) no Espaço Oasis, no centro da cidade inaugura a exposição (IN)TENSÕES , do artista Antonio Bokel. “(IN)TENSÕES é o resultado da minha vivência durante dois meses no Espaço Oasis, no Saara no Centro do Rio de Janeiro. Todo trabalho foi feito com materiais encontrados no Local. O improviso popular, a Gambiarra, foram algumas das inspirações dessa nova pesquisa. O Saara é um local intenso com enorme diversidade, um lugar inspirador “, conta o artista. O texto é de Lucas Rehnman
Estimulado com a possibilidade de produzir trabalhos de grande escala e também influenciado pelo Saara (região dinâmica da cidade, onde o comércio de rua e o trabalho informal mostram toda a sua ginga) Bokel concentrou-se durante a residência em explorar relações de tensão, peso e aperto através do uso da lona de feira como principal material.
O tridimensional e a cor operam juntas nestas obras, já partindo sem demais complicações do moto minimalista: “nem pintura, nem escultura”. Outro material decisivo é o extensor elástico, que pode resolver diversos problemas práticos e não à toa é utilizado por camelôs, catadores, surfistas, moradores de rua, entre outros. Em certas proposições, Bokel assume o tradicional chassis de pintura como um corpo e emprega a elasticidade do extensor como veículo discretamente eroticizante (não quer debochar do modernismo às claras, está mais para um devedor no sentido menos desagradável da palavra). O erótico, com efeito, permeia vários dos trabalhos: o preto inevitavelmente lembra couro ou látex; o sargento apertando a peça vermelha, sadomasoquismo; o centro compositivo da prima azul, o ânus. À propósito do termo “modernismo” e toda a lassidão[1] a ele acarretada, é perceptível a relação dos trabalhos com a paisagem e arquitetura modernas do Rio de Janeiro. Os toldos e listras de guarda-sóis, uma vez dentro do espaço expositivo e ressignificados, não param de evocar o fora.
[1] Lasso: que sofreu distensão; dilatado, inchado, distenso: músculo lasso.