Com produção do empresário e músico Pedro Borges e com curadoria do artista Sergio Mauricio Manon e da antropóloga Ana Amado, a Mostra Vagalumes 21 será uma exposição de arte que, juntamente com as apresentações e atividades multidisciplinares de frequências sonoras de cura, meditação, arte e educação que a acompanham, ocupará os três pavimentos do Pavilhão de Exposições Temporárias do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, de 18 de junho a 28 de agosto. A inauguração da Mostra se dará com o coquetel de lançamento da exposição de arte Vagalumes 21, no terceiro pavimento, com 12 artistas brasileiros.
O Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro está inserido na exuberante Mata Atlântica, no alto Gávea e tem obras de arte espalhadas pelos jardins. Lugar de beleza extraordinária, de história, cultura e arte, recebe em seus pavilhões recém inaugurados uma mostra conectada com o espirito de nosso tempo, multidisciplinar.
OS 12 ARTISTAS, OBRAS E SEUS PENSAMENTOS
Rodolpho Parigi sobre a obra Blue Violet Eckhout – “Meu trabalho acontece a partir do conflito entre realidade e ficção. A partir de desenhos, pinturas e performances, exploro um universo imagético de ficção auto imaginado, habitado por figuras híbridas ou andróginas de beleza estranha, formas que habitam a superfície como corpos vivos que poderiam até mesmo respirar ou se mover”
Danielle Carcav sobre a obra E continuamos a viver mesmo assim… – “Na minha pesquisa, tento estabelecer pontos emocionais e psicológicos a partir dos relatos, imagens e objetos do passado da infância das pessoas. Penso que, na infância, o uso do imaginário na construção de nossas memórias está totalmente associado ao modo como nosso senso afetivo age sobre nossas experiências”.
Bruno Vilela sobre a obra O ritual -“O ritual é uma pintura que retrata bem essa minha vontade de fotografar meus sonhos e memórias. Uma mistura de foto de família — meu avô e seus amigos demarcando um terreno — e um ritual de iniciação na floresta. Puxando o fio mnêmico da imagem, a foto antiga que deu origem a obra, vai se dissolvendo em sua verdadeira vocação, a chave para o mundo dos sonhos, da espiritualidade e da magia. Algo que, por estar tão fundo no inconsciente, só é possível de ser visto iluminado pela luz azul do
ritual, da lua e da fé”.
Pedro Varela sobre a obra Sem título“- A pintura que apresento na exposição Vagalumes 21 faz parte de minha mais recente série, na qual tenta criar uma paisagem que abarque o fluxo de imagens e experiências que estamos expostos, mesclando no mesmo plano nossas vivências analógicas e virtuais. Esse trabalho simula uma colagem de ideias, como as que venho trabalhando em desenho desde 2016, mas aqui aceito a bidimensionalidade do suporte tradicional da pintura, criando um jogo de perspectivas e profundidades ilusórias que escapam ao entendimento clássico da representação da paisagem, e propõem um mundo de perspectivas múltiplas e sobrepostas”.
Marcos Prado sobre a obra Os Carvoeiros – “Tive o privilégio de conviver com muitos carvoeiros durante os 7 anos de trabalho retratados neste ensaio fotográfico. Pessoas cujos avós e os pais haviam sido carvoeiros; e cujos filhos também o serão. Crianças como tantas no Brasil, sem futuro e sem esperança. Quem nasce carvoeiro tem apenas uma opção: ou vive do carvão, ou não vive. O destino dos carvoeiros é traçado pela economia mundial do ferro-gusa e do aço. Aos poucos, fui percebendo a resignação, o caráter e a dignidade com que essas pessoas encaram a dura realidade da sobrevivência. Compreendi também a conexão direta que existe entre nós e esses homens, mulheres e crianças: sentados em nossas casas, utilizamos tudo o que o ferro-gusa e o aço nos fornecem, sem perceber que o nosso conforto nasce com o suor de milhares de carvoeiros, que sobrevivem da derrubada e da queima de árvores.”
Talita Hoffmann sobre a obra Estacionamento – “Estacionamento é uma tela que fiz em 2015, que fazia parte de uma série de pinturas chamada Areia Movediça. Essa série explorava bastante a ideia dos espaços arquitetônicos urbanos que são demolidos e reconstruídos (e logo demolidos de novo), nesse canteiro de obras sem fim que acabam sendo as grandes cidades. O título da obra veio pela imagem principal de referência que utilizei para pintá-la, um estacionamento no centro de São Paulo. Há algo que gosto no embaralhamento dos planos
das imagens utilizadas para esse trabalho – algumas feitas com o celular, outras retiradas do google maps, e outras vindas de recortes de design gráfico que são redesenhadas em uma composição que busca uma certa harmonia e diferentes leituras”.
Marcos Correa sobre a obra Cellophane babies – “Essa pintura que chamei de Texaco Dealers, é uma apropriação, uma refação artesanal, de uma ilustração de uma campanha promocional. Acredito que é uma publicidade dos anos 50 ou 60. Quando a pintei, estava selecionando propagandas antigas que retratavam crianças com pratos exageradamente cheios, crianças com cereais, pães e copos transbordando, e também publicidades conhecidamente polêmicas de crianças com cigarros. São retiradas da época da guerra fria, e em comum todas essas imagens trazem o signo da fartura, mas também do consumismo e do desperdício. As cores são estridentes, gritantes e, em muitas delas, as crianças trazem no rosto uma expressão de uma voracidade ameaçadora. Ampliei essas imagens de circulação
em massa, e dignifiquei-as como pinturas a óleo, na intenção de ressignificá-las e torna-las mais assustadoras ao dominarem um ambiente”.
Antônio Bokel sobre a obra Nova mitologia – “A série ‘Nova mitologia’ é uma tentativa de criar seres entidades, inspirados em culturas ancestrais. Essas entidades que permeiam minha imaginação são o resultado das minhas viagens astrais”.
Rogério Reis sobre a obra Phebolitos – edições de quarentena -“Odor de Rosas, Raiz do Oriente, Naturelle, Amazon, Toque de Lavanda e Alfazema Provençal são sabonetes que através do uso desacelerado entraram em meu campo de interesse e ganharam formas diferentes ao longo do isolamento doméstico da pandemia”.
Ilan Kelson sobre a obra Tempus fugit.- “A fotografia para mim é uma forma de parar o mundo, de estancar o ruído; e por trás de cada ruído existe um silêncio adormecido. Esse silêncio para mim é algo fundamental. Tempus fugit trata da relação do sujeito com o tempo, da dor da finitude e também dos nossos encantos. Esse trabalho foi um processo de
autoconhecimento focado em meu inconsciente fotográfico. São diversos símbolos que trago para a fotografia – a névoa como impermanência, as pedras como eternidade, o céu que contextualiza nossa verdadeira dimensão. Hoje percebo que essas imagens são uma catarse, fruto dos meus devaneios, das minhas buscas e aflições e, principalmente, do que me mobiliza e emociona”.
Manon sobre a obra Mutação -“Em minhas pesquisas visuais, parto do pressuposto de que a realidade é tecida por relacionamentos entre todos os seres vivos, dentro de um grande jardim das sinapses. Crio, desenho e pinto imagens de uma rede neural, subterrânea, inteligente e criativa, que sonha e é poética. Estamos nesse sonho juntos com os micélios, as plantas e os animais, e o inconsciente de todos eles se conecta ao nosso. É esse universo que trago para a pintura”.
Smael Vagner sobre a obra O baile -“Durante o lockdown, ficamos sem perspectiva do que iria acontecer com a humanidade, foi nesse período que nasceu a série “desejos da quarentena” aonde o artista imprimiu nas obras seus ideais de futuro para fugir de um momento de incertezas. A obra “o baile” revela à vontade de confraternizar em torno da dança e da socialização humana. Um questionamento sobre o que seria o futuro e os conflitos da nova normalidade”.