A dotART galeria abre a programação de 2022 com a exposição “Chassis” que apresenta à capital mineira o artista curitibano André Azevedo. Com cerca de 20 obras que tem como protagonista a arte têxtil, a mostra individual e fica disponível para visitação gratuita até 4 de junho, em Belo Horizonte. A exposição abre o calendário anual da galeria.
A exposição apresenta um conjunto de trabalhos inéditos e ressalta a dimensão pictórica e escultórica da obra de arte têxtil. O título “Chassis” é referente ao suporte tradicional da pintura, a estrutura à qual o tecido da tela se estica. As obras dialogam diretamente com essa estrutura, por vezes tensionada sobre ela e por outras operando em fuga.
Foram selecionadas duas séries para a mostra: Captonês e Macrocélulas. André Azevedo articulou a composição das obras pensando no espaço em branco da galeria e mais da metade das obras apresentadas foram realizadas especialmente para esta mostra. “A cor branca será predominante no andar inferior, em diálogo com a iluminação fria do piso térreo e no segundo andar exploraremos uma cartela de cores fortes. O material primário escolhido foi o tecido de tela preparada com base de gesso e o linho. Aplicada sobre eles, nas obras coloridas, uma têmpera vinílica pigmentada com corantes têxteis e por vezes tinta óleo”, detalha o artista.
“Eu tenho uma produção em arte desde muito novo mas foi em 2010, depois de trabalhar com moda, que eu resolvi publicar meus desenhos em uma plataforma digital, na época um blogspot.com … Trabalhei por alguns anos como ilustrador, em projetos comissionados e em 2013, ainda morando em Curitiba montei um ateliê e comecei uma pesquisa artística a partir da arte têxtil que segue sendo até os dias de hoje meu objeto de estudo”.
Wilson Lazaro, diretor artístico da galeria, explica que o cenário da arte está mudando e até a forma de apresentar os artistas, que não se encaixam em determinadas escolas ou movimentos, como é o caso de quem trabalha com tecido. Em 2022, as exposições da DotART vão seguir um caminho que vai além da obra, mas também ressaltando o fazer artístico. “São mostras que o artista tem algo a dizer muito além da obra, há uma mensagem envolvida. Esse é o novo mercado de arte, que está mais agressivo e antenado, mas também está mais lúdico e acolhedor. Vemos que esse movimento do fazer na arte atual está abrindo novas portas para as escolas de arte e movimentos que antes eram colocados de lado e é isso que veremos aqui na galeria neste ano”, destaca.
“Tenho a minha pesquisa artística originária na arte têxtil e exploro a tecedura em diferentes camadas, pois pra mim, uma obra de arte tecida pode ressoar ao mesmo tempo diferentes linguagens: ela é uma pintura enquanto organiza cores e formas em seus planos, também escultura, pois o tecido em si é um objeto projetivo e topográfico como um elemento escultórico, e ao fazer um tecido, o som de suas máquinas se organizam no tempo como as rimas de um poema. Sendo assim, uma obra de arte têxtil é antes de tudo poesia”.
Sobre seu processo criativo, o artista explica que uma obra de arte têxtil pode transitar em diferentes linguagens. “Ela é pintura, pela sua capacidade de organizar nos planos as cores e as formas. É escultura pois o tecido possui sua própria topografia e se projeta, assim como os objetos escultóricos, mas também é poesia, pois suas máquinas – as máquinas têxteis no caso – organizam o som no tempo conforme as rimas de um poema. Partindo dessa observação eu me coloco a pesquisar a arte têxtil não só a partir das materialidades, mas também a respeito de todos os conceitos que ela envolve”, ressalta.
“A exposição “Chassis”, em cartaz na Galeria DotArt, em Belo Horizonte, se dedica a explorar as estruturas da tela – o tecido tela – pois antes de ser suporte da pintura, a palavra tela, é o nome dado à um tipo específico de tecido. Sendo assim a escolha das obras tem uma relação íntima com pintura, mas traz principalmente a arte textil como uma linguagem híbrida entre pintura e escultura”.
