• Post author:

O continente africano deixou no Brasil influências que perduram de meados do século XVI aos dias de hoje. Esses legados estão por toda a parte: da música ao nosso vocabulário, da gastronomia à moda, resvalando, é claro, pela arquitetura e pelo design. Fascinado pela arte popular africana, José Zanine Caldas (1919-2001), gênio da nossa arquitetura, chegou a visitar países da África Ocidental como Nigéria, Gana, Togo, Senegal e o antigo Reino do Daomé (hoje Benim). Objetos trazidos desses destinos decoravam as casas onde o arquiteto viveu com a família. Nas conversas, gostava de narrar suas andanças por lá e externar as recordações, que não eram poucas.

Atento a essas histórias ficava seu filho Zanini de Zanine. O menino cresceu, seguiu os passos do pai e hoje, aos 44 anos, é um dos mais respeitados designers do país.  Ele também traz consigo o fascínio pela arte africana, e a cultura iorubá motivou a pesquisa que resultou nas suas mais recentes criações artísticas. As peças poderão ser vistas na exposição Iorubá, que ocupa a Gozto, de Sergio Zobaran, voltada exclusivamente a mostras de design, no Beco do Boticário nº 1, Cosme Velho, no Rio de Janeiro. A mostra pode ser conferida de 29 de julho a 28 de agosto com visitas agendadas previamente.

Cadeira Benim por Zanine de Zanine

 

Cadeira Togo por Zanine de Zanine

 

Zanini de Zanine

 

São quatro cadeiras de madeira que ganharam, duas delas, nomes de nações (Benim e Togo) e, as outras duas, nomes de dois dos orixás masculinos do candomblé: Oxossi e Xangô. São peças-esculturas esculpidas, seguindo a tradição, a partir de uma matéria prima maciça, respeitando, obviamente, protocolos vigentes na Legislação Ambiental. A madeira utilizada nas peças é oriunda da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós – Coomflona do Tapajós, em Santarém, Pará, região Norte do país. Naquela cooperativa, a madeira é extraída de forma sustentável, seguindo regras de proteção estabelecidas e fiscalizadas pelo Ibama.

E o resultado vai além do mero mobiliário ou do utilitário doméstico. São quatro esculturas em que misturam-se traços étnicos às linhas arrojadas e modernas. São peças sofisticadas e confortáveis, mostrando que estética e praticidade podem, sim, estar alinhadas. E não seria diferente em se tratando de Zanini de Zanine. Afinal, como reza o dito popular, quem sai aos seus não degenera. Motumbá Kolofé!