Casa Triângulo tem o enorme prazer em anunciar a representação de Roberto Magalhães (Rio de Janeiro, 1940), em parceria com a galeria Silvia Cintra + Box 4.
A obra de Roberto Magalhães se caracteriza por uma distorção do real, ou melhor dizendo, faz com que através dela percebamos o quão grotesca e paradoxalmente hilária pode ser a realidade. As formas de seus personagens, retratos, autorretratos, objetos e paisagens apresentam-se dissolvidos, estendidos, diminutos, monstruosos, divertidos e notoriamente fora da ordem. São cenas e personas ficcionais mas que constroem um forte laço associativo com o real. Aliás, ficção e realidade não encontram distinções muito claras na sua obra, elas se misturam e se complementam, como se uma se alimentasse da outra.
Roberto construiu um lugar autônomo na arte brasileira, produzindo à revelia da espetacularização e de escolas que demarcassem um estilo para o seu trabalho. Sua poética é autoral e pouco condicionada à um movimento específico da arte. Sob a sombra do expressionismo que marcou o seu início, passou por uma crítica perspicaz à ditadura, com suas gravuras apontando o humor ácido que o caracterizaria nos anos subsequentes. O riso – matéria de sua obra – se converte em um deboche, muitas vezes de si mesmo, como vemos em uma larga produção de autorretratos. Se nos anos 1960 o riso se tornava um poderoso mecanismo de reflexão sobre uma sociedade que vivia aterrorizada, nos anos 80, quando ensaiávamos uma tentativa de democracia, depois de pouco mais de 20 anos de ditadura, o riso continuava sendo uma arma de conscientização. A obra, e a galhofa, de Roberto circula, portanto, nessa corda bamba entre a tragédia e o riso, a violência e o deboche.