O curta-metragem A CAIXA – O ENSAIO DO EU SEM VOCÊ estreia na Mostra Cine Guerrilha, neste sábado dia 16, no Cine Bijou, São Paulo
com colaboração de Patricya Reis Oliveira
Muito mais do que uma história de amor, o curta metragem A Caixa – O Ensaio do Eu Sem Você é uma declaração necessária sobre a despedida e o luto de dois apaixonados, separados pelo vírus HIV. Um filme que trata de um relacionamento homoafetivo e conversa diretamente com o coração no mais alto nível da expressão do amor e suas diversas formas. Tudo por meio de cartas trocadas por dois amantes, Thiago e João, nos anos 80.
Com roteiro dos jornalistas Marcos Maynart e B
Segredos que nos tocam e são compartilhados pela brilhante interpretação de Adriano Arboo
Ao todo, são 13 rápidos minutos;
“’A Caixa’ nos lembra que as palavras capturam o tempo, para além da dor ou do sofrimento. Quantas histórias, como a de João e Tiago, foram interrompidas pela Aids? A beleza deste curta é nos lembrar que as histórias de amor devem ser sempre lembradas.”
Lucinha Araújo
“O amor; não existe nenhum outro sentimento mais forte e transformador que une duas pessoas. ‘A Caixa’ nos mostra esse amor de uma maneira muito poética, com excelente direção e roteiro de grande sensibilidade.”
Christina Oiticica
‘A Caixa’ tem um objetivo emocional muito claro: manter na memória do tempo o registro da homoafetividade em plenos anos 80, no auge da epidemia do HIV. O curta consegue isso sendo dramaturgia, documentário e literatura ao mesmo tempo.”
Henrique Haddefinir, crítico do site Omelete
“O amor entre João e Tiago não mora de aluguel no coração um do outro. A presença física pode ter sido interrompida, mas sentimento permanece e se eterniza nessa obra sensível.”
Hugo Bonemer
“O filme é delicado, sensível e trata de um tema muito caro para mim. Vivi exatamente esse roteiro no final da década de 1990 com a partida do meu grande amor, também acometido pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”.
Mauricio Mellone, crítico do Favo do Mellone
“A fotografia de ‘A Caixa’ é como olhar para uma pintura que vai se formando aos poucos no contorno de um pincel, e suas cores transbordam no sentimento do protagonista, ditado por um roteiro e direção impecáveis.”
Xandy Novaski, escritor, roteirista e diretor
“Visual e literariamente poético, é um filme muito bonito. Impacta também o fato de as cartas datarem de 40 anos atrás e o mundo hoje ser absolutamente diferente, principalmente na forma de nos relacionarmos, de nos amarmos.”
Adolar Marin, escritor e poeta
Pingue e pongue com Marcos Maynart
Marcos, você é jornalista há mais de 40 anos. Como surgiu a ideia de “A Caixa”?
Marcos Maynart: Sempre fui apaixonado por fotografia, cinema e livros. Especialmente histórias de gente. Gosto de conversar com idosos, crianças, adolescentes, gente que passa por dificuldades… A ideia do curta surgiu depois da pandemia. O texto foi escrito com meu amigo Beto Alves, jornalista e escritor.
Era para ser um livro. Depois, virou um roteir
De onde veio a inspiração?
MM: De cartas reais. Ao todo, eu tinha umas 60 cartas que foram trocadas durante 6 anos entre idas e vindas de dois caras bacanas que se amavam, mas eram completamente diferentes. Um era o prático; o outro, o sábio. Fiquei lendo essas cartas durante muitos anos e imaginando o que poderia fazer com elas. Então, veio o curta.
Apesar de a sociedade ter avançado bastante sobre o amor entre duas pessoas do mesmo sexo, ainda há uma certa resistência à temática. Como se deu esse processo?
MM: Infelizmente, o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Não acho que a sociedade avançou tanto nessa questão. Falta muito para o Brasil melhorar. Eu não tenho nenhuma resistência a essa temática e nem problema com aceitação. Se a pessoa não aceitar, o problema não é meu, é dela. Eu vou continuar no meu lado e pronto.
Surgido nos anos 80, o HIV ceifou muitas vidas, incluindo grandes artistas, como Cazuza eRenato Russo. Como foi rever esse tema pelo curta?
MM: A gente não pode esquecer que a AIDS ainda existe. Acho importante o tema e senti na pele a dor de perder vários amigos queridos; pessoas fantásticas. O curta é apenas uma pílula, mas tenho certeza de que muita gente vai se emocionar com a história. Essa é a minha intenção, além de não deixar morrer um amor vivido nos tempos sombrios do HIV.
O que você achou do resultado?
MM: Eu me lembro bem do dia em que o diretor,João Mário, produziu um teaser do curta e o envioupara mim. Chorei copiosamente. Dizem que quando o pai gosta do resultado, tudo vai dar certo. Eu acredito nisso.
Qual é o ponto alto da produção na sua opinião?
MM: Tudo é muito lindo, mas me emociono bastante quando o Adriano Arbool, na praia, começa a jogar as cinzas no mar, com aquela luz e a música da Liah Soares de fundo. É o ponto alto para mim.
Quais são os planos para o curta? Pensa em festivais?
MM: A ideia é participar de festivais. O curta está no Youtube e aos poucos a gente vai conquistando um público sério.