Nélida Piñon ganhou evento em sua homenagem ontem 14/11 no Shopping da Gávea, com as autoras Beth Goulart e Carla Madeira, que lançaram o seu livro “Os rostos que tenho” (Ed. Record), publicação inédita que a escritora deixou finalizada antes de morrer, há um ano (17 dez 22). O livro reúne 147 crônicas que são pilares e testemunho vital da obra de Nélida, quando ela nos entrega sua alma e suas várias faces, fala sobre música, sobre Deus, sobre o reconhecimento do seu tempo finito.
O lançamento de “Os rostos que tenho” é mediado pelo editor Rodrigo Lacerda – em encontro para uma conversa sobre a importância da autora para a literatura nacional e o livro.
Nélida Pinõn acreditava na importância de deixar rastros. Rastros de existência, da própria criação, de palavras que se incorporam a um legado para os que ficam. Com 147 fragmentos que lembram a estrutura de um diário, a autora consagrada, esculpe uma extensa pluralidade de temas que flutuam pelos meandros da vida e da arte.
A escritora conjugou esmero com a consciência da passagem do tempo para criar uma obra que se afasta completamente da autocomiseração: “Luto para meus dias serem festivos. Só por estar viva, mesmo sem razão concreta, ergo a taça da ilusão”. Obra póstuma e inédita, Os rostos que tenho é, segundo o escritor e editor Rodrigo Lacerda, o “testamento literário” de Nélida Piñon.
A primeira mulher a se tornar presidente da ABL, no ano do seu I Centenário, sabia do papel social e literário que exercem os registros que deixamos, as memórias que nos empenhamos para preservar. Nélida mergulha em suas variadas faces, tecendo um balanço de vida coeso, complexo e multifacetado.
Em Os rostos que tenho, a escriba apresenta recortes de sua infância, na qual o fato de ser filha de duas culturas pautaram sua vida, mas sem jamais esquecer que seu avô lhe deu “A majestade da língua portuguesa”. Nela, Brasil e Espanha criam uma sinfonia que ecoa através de sua vida e de sua literatura. O leitor é convidado, ainda, a conhecer sua relação íntima com a palavra, com a criação, com a arte, com os seus contemporâneos. Em uma reflexão profunda sobre a finitude, reconhecemos a preciosidade de suas pegadas pelo mundo, pelos séculos, pelos gregos, pelo popular.
O testamento literário de Nélida Piñon com “Os rostos que tenho de Nélida Piñon- na livraria Janela do Shopping da Gávea ontem 14/11
Fotos Vera Donato