Pré Estreia do documentário ‘Irmãos por escolha’ dirigido por Gabriel Mattar
Jovens submetidos a situações extremas, passando frio e fome, carregando pesos, escalando montanhas, mergulhando em águas geladas, saltando no vazio; heroicos, mas também sentindo medo e solidão. Esses jovens, homens e mulheres, estão lá por escolha, e agora têm que aceitar os desafios, superá-los, e amadurecer. Esse é o tema de Irmãos por Escolha, o primeiro documentário já filmado na Academia Militar das Agulhas Negras.
Dirigido por Gabriel Mattar e realizado por sua produtora, a Kombat Films, sem nenhum patrocínio do Exército Brasileiro, Irmãos por Escolha traz a visão de um civil sobre a formação do oficial do exército, um filme no qual os protagonistas são reais e os dramas universais. Reconhecido internacionalmente em festivais por sua qualidade estética e emocional, Irmãos por Escolha é agora apresentado pela Netflix.
Irmãos por escolha tem uma abordagem artística em sua fotografia, edição e trilha sonora. Um filme sensorial que coloca a audiência diretamente no ponto de vista de um cadete, a experiência mais próxima de “servir ao exército” que um civil pode passar, pois os mecanismos cinematográficos são sinestésicos transportando o público para essa realidade.
Gabriel Mattar conheceu a AMAN em 2014, e o que mais chamou sua atenção foi a camaradagem entre os alunos, uma solidariedade que eles chamam de “espírito de corpo”. Pela história pessoal do diretor, que perdeu um irmão na infância, esse tornou-se o eixo da narrativa do documentário, um longa-metragem que levou 4 anos para ser concluído, permitindo assim acompanhar a formação de 4 turmas, uma delas do início ao final.
‘Irmãos por escolha’ dirigido por Gabriel Mattar
Com muita ação e emoção, o filme mostra imagens tocantes e também impactantes, tratando de um tema comum a todas as camadas da sociedade. Como os jovens se tornam adultos? Quais são os mecanismos que os unem e os ensinam a trabalhar em equipe? Como desenvolvem responsabilidade e outros valores necessários para se tornarem adultos?
Sob a pressão do treino os jovens rapidamente entendem a importância da parceria e da camaradagem, compreendem o lema da academia: “Nem um de nós é tão forte quanto todos nós juntos”, e assim tornam-se irmãos: irmãos por escolha.
Irmãos por Escolha foi apresentado nos Festivais internacionais de Santa Fé, e Flickers Rhode Island, recebendo os prêmios Global do Lift off e Paris Awards. No Brasil integrou o Festival de Petropólis de 2022. O filme, entretanto, foi recusado em outros festivais brasileiros, sem ao menos ser visto pelos organizadores, por tratar de um tema que se refere ao Exército.
A discussão sobre o militarismo se apoia em lugares comuns, sempre repetidos, mas, o quanto conhecemos de fato sobre esses homens e mulheres? A comunidade militar no Brasil reúne cerca de 360 mil pessoas, entre oficiais e soldados, entretanto o que sabemos sobre eles, e sobre sua formação? Praticamente nada! Irmãos por Escolha faz uma investigação sobre esse assunto, mostrando os bastidores desse processo, a partir de um olhar sem nenhuma ligação militar.
Nunca a câmera de cinema de um civil havia entrado nesses campos. Assim, o público verá cenas impressionantes jamais antes vistas. Nos exercícios militares, já bem difíceis para os homens, os desafios são ainda maiores para as mulheres, que, entretanto, se saem muito bem. O filme mostra a primeira turma de mulheres a se tornarem oficiais, após 210 anos de existência da academia.
Irmãos por Escolha poderia ter sido feito em qualquer outro universo acadêmico ou esportivo, pois seu tema fundamental é o ganho da maturidade através de superação de obstáculos. Porém, devido a natureza do campo bélico, os obstáculos físicos, psicológicos e emocionais, são mais extremados, tornando o drama mais intenso e a superação ainda maior.
O filme aborda questões essenciais como: inteligência emocional e trabalho em grupo, e assim o documentário atua como fomentador do debate nacional sobre o jovem, sua participação na sociedade, sua transição para vida adulta, seus potenciais e responsabilidades.
Filme não tem imagens de arquivo, apenas imagens originais, é um documentário no qual tudo é ação, um Filme Real que observa discretamente o que já aconteceria ali sem sua presença. O diretor Gabriel Mattar aborda a realidade a partir de um olhar artístico e cinematográfico, e, embora ancorado no conceito de “mosca na parede”, no qual o cineasta apenas registra e não interfere na ação, as escolhas de cinematografia, decupagem e edição levam o filme a um patamar estético pouco comum a documentários.
A direção abdicou do uso de talking heads, isto é, pessoas dando depoimentos, em prol da ação, da sequência de fatos, que, neles mesmos, se alternam ora numa dinâmica acelerada e impactante, ora delicada e sensível. Todas as cenas filmadas são reais, não houve ensaios e nem dublês, o filme mostra a academia como ela é: crua, dura e difícil, mas, ao mesmo tempo, épica e emocionante
Sobre Gabriel Mattar
Gabriel Mattar é brasileiro e tem 44 anos. Formou-se em Desenho Industrial pela UniverCidade, Rio de Janeiro, frequentou o curso de Cinema, na Black Nexxus, Nova York, e de Artes Plásticas, com Charles Watson, no Rio de Janeiro. Há quinze anos trabalha como diretor de documentários, filmes e animações. Paralelamente desenvolve seu trabalho como artista plástico, o que influencia a estética visual de sua produção em cinema e publicidade. Multifacetado, sua latitude de linguagem e espectro temáticos transitam entre diferentes suportes, incluindo técnicas especiais como stopmotion e live action.
Em Publicidade realizou filmes para marcas como Canon, KIA, Suzuki, Jeep entre outras, recebendo diversos prêmios e integrando shortlists em Cannes, ABP, e Colunistas. Em Cinema realizou os documentários autorais: Todos os Lados, 2013, Batalha da Presidente Vargas, 2013, The Missing Part, 2014, vencedor do MIMPI Film Festival, e Dirty Hands – Happy Heart, 2015, que participou do Brooklyn Bike Film Festival. Irmãos por Escolha é o seu primeiro longa-metragem.