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O são-bernardense Rudy Serrati é um herói! Com apenas 36 anos, se arriscou a idealizar o primeiro Festival de Cinema de São Bernardo Campo – que acontece entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro – sem nenhum patrocínio. É isso mesmo: ele está investindo tudo do seu próprio bolso. Mas quem é esse herói?

 Com colaboração de Marcos Maynart

 

Rudy Serrati
Rudy Serrati

 

Artista de teatro desde os 17 anos, Rudy migrou para o cinema e se apaixonou pela linguagem. “Trabalhei em equipes de direção de obras audiovisuais. Revisitando a minha essência e propósito, me reconectei com a história da minha cidade, terra em que nasci, onde resido e que possui uma riquíssima história cultural veiculada ao cinema. Um legado de grande relevo mundial pela Cia. Cinematográfica Vera Cruz, que teve sede aqui entre os anos de 1949 e 1954. Uma história importante, que, a meu ver, foi absolutamente esquecida”, destaca o gestor cultural.

Quando surgiu a ideia de fazer um festival de cinema em São Bernardo do Campo, onde há 74 anos foi fundada a companhia Cinematográfica Vera Cruz?

Há pelo menos sete anos comecei a desenvolver esse sonho de criar um festival de cinema em São Bernardo do Campo. Ele nasceu do ideal artístico de fazer algo que pudesse celebrar a memória do cinema brasileiro e da minha cidade natal, uma companhia com artistas grandiosos e que projetou o Brasil em escala mundial. Um legado com artistas e técnicos absolutamente importantes para a construção do que somos hoje, como Mazzaropi, Ruth de Souza, Eliane Laje, Tônia Carrero, Anselmo Duarte, Cacilda Becker, Procópio Ferreira e Adoniran Barbosa. E tantos outros igualmente valorosos do teatro, do cinema e da televisão surgiram, se revelaram e se projetaram a partir desta terra.

É verdade que o festival teve mais de 1080 inscrições? Então, está sendo um sucesso, não é?

Sim, com toda certeza. O festival nasce com um grande propósito de resgate e celebração da memória do cinema brasileiro em uma terra que guarda uma valiosa memória cultural da sétima arte nacional. Essa abrangência, quantidade e qualidade dos filmes, do norte ao sul do país, demonstra a confiabilidade e prestígio que esta terra tem no seu DNA. O festival abrirá uma enorme janela de exibição nacional, bem como premiará com grande valor cultural os jovens cineastas e os grandes fazedores de cinema brasileiros.

Quais os filmes selecionados de longas-metragens e longas documentários que estão concorrendo ao prêmio?

Foram escolhidos sete longas de ficção: Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo; Ciclo, de Ian SBF; Horizonte, de Rafael Calomeni; Letícia, de Cristiano Vieira; Mais Pesado é o Céu, de Petrus Cariry; O Faixa Preta – A Verdadeira História de Fernando Tererê, de Caco Souza; e Tinnitus, de Gregorio Graziosi. E ainda cinco longas-metragens documentais brasileiros: Bem-vindos de Novo, de Marcos Yoshi; Diálogos com Ruthde Souza, de Juliana Vicente; Elis & Tom – Só Tinha que Ser com Você, de Roberto Oliveira; O Cangaceiro da Moviola, de Luís Rocha Melo; e Rosa – A Narradora de Outros Brasis, de Libario Mateus Nogueira do Carmo e Valmir Moratelli Cassaro.

Rudy e Eliane Lage
Rudy Serrati e Eliane Lage

 

Qual é o nome do troféu e quem serão os homenageados na noite do tapete vermelho? Quantos serão entregues na premiação?

Serão três troféus. O troféu Terra Bernardo de Ouro será dado nas premiações das categorias de filmes da Mostra Competitiva Terra do Cinema aos profissionais do cinema brasileiro. O troféu Terra Bernardo será concedido nas premiações das categorias de filmes da Mostra Competitiva Terra Bernardo aos jovens cineastas com filmes de até sete minutos. O troféu Pérola Negra Ruth De Souza será dado às homenageadas: Dona Léa Garcia, representada pelo seu filho, Marcelo Garcia, e Dona Eliane Lage, a única artista viva do período da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, grande protagonista dos filmes da época, aos 95 anos.

Como foi o seu encontro com a atriz Eliane Lage?

Eu conheci pessoalmente a protagonista dos filmes da Vera Cruz, Dona Eliane Lage, única artista viva desse período e que será homenageada nesta primeira edição do festival. Uma grande honra para mim, e tenho certeza de que todo brasileiro terá a oportunidade de conhecê-la. Tanto sua trajetória lendária no cinema quanto sua linda história de vida. Precisamos lutar contra o apagamento da nossa memória cultural e dos legados de quem nos antecederam! Viva Ruth de Souza! Viva Eliane Lage! Viva o cinema Brasileiro!

Você acha que o cinema nacional tem recebido apoio total no atual governo?

Acredito que o cinema brasileiro é uma das maiores potências culturais e socioeconômicas de abrangência nacional na atualidade. O governo, seja ele qual for, nas esferas municipal, estadual ou federal, em parceria com a sociedade, deve ter a consciência nítida de que cultura é um direito fundamental, e todo cidadão tem o direito ao acesso à cultura em toda a sua pluralidade. Precisamos fomentar todos os tipos de fazer cinema, dos pequenos aos grandes produtores. Quando isso ocorrer em todas as esferas, tenho certeza de que transformaremos de forma substancial diversos setores do nosso país.

Você acredita que os brasileiros precisam investir na cultura e na seara de festivais, onde surgem novos diretores e atores?

No nosso cenário de produção de arte brasileira é preciso empreender e entender de leis de fomento para poder criar, propor e fazer atividades em cultura, além de formações artísticas e técnicas no cinema. Por esse motivo, me especializei como gestor e agente cultural. Confesso que não entendia e ainda não entendo como algo de tanta relevância cultural para São Bernardo e para o Brasil como esta iniciativa do festival ainda não havia sido celebrada na cidade como ocorre em tantos outros importantes festivais brasileiros, sobretudo pela vocação da terra que, naturalmente, pode ser considerada como “a verdadeira Terra do Cinema Brasileiro”. O festival surge essencialmente, portanto, de uma necessidade e urgência em existir.

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