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Texto de Nicholas Wright, Sra. Klein, diz sobre o drama familiar da renomada psicanalista Melanie Klein e leva a adaptação de Thereza Falcão

Kika Kalache , Ana Beatriz Nogeira e Natália Lage - Sra. Klein
Kika Kalache , Ana Beatriz Nogeira e Natália Lage – Sra. Klein

 

Embora ambientado há quase 90 anos, o texto do autor inglês Nicholas Wright segue atual, “…a história é sobre uma família disfuncional, a relação tóxica entre mãe e filha. O público vai se identificar demais porque sempre há dificuldades nesses vínculos”, aposta o diretor.

Recorte de um único, intenso e louco dia na primavera londrina de 1934, o espetáculo “Sra. Klein”, ganha nova encenação do diretor Victor Garcia Peralta, que já havia montado o texto há 33 anos na Argentina. “Outro dia reassisti ao vídeo e adorei, mas seria impossível fazer como fiz no início da carreira.

Naturalmente, meu olhar mudou e queria fazer uma montagem menos realista”, diz Victor. A trama sobre os dramas familiares da renomada psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960), seguidora de Freud e revolucionária no que diz respeito ao tratamento de crianças, exerce fascínio e também foi encenada por aqui duas vezes — uma nos anos 1990, com Ana Lúcia Torre e, outra, há 20 anos, com Nathália Timberg à frente do elenco.

Andréa Alves e Gustavo Gasparani
Andréa Alves e Gustavo Gasparani

 

Aliás, foi justamente numa das sessões da versão dirigida por Eduardo Tolentino, em 2003, que Ana Beatriz Nogueira sentiu vontade, pela primeira vez, de viver a personagem-título. Este desejo a atriz vem realizando desde o dia 29 de junho, quando estreou a montagem em São Paulo, no Sesc 24 de maio, ao lado de Natália Lage e Kika Kalache, com produção de Eduardo Barata. O espetáculo chega ao Rio de Janeiro no dia 3 de agosto, no Teatro Prudential, para uma curta temporada.

Claudio Rangel , Helena Fernandes e Giuseppe Oristanio - Sra. Klein
Claudio Rangel , Helena Fernandes e Giuseppe Oristanio

 

“Eu me lembro que fiquei com a peça na cabeça. Pensei comigo: ‘Quando for mais velha, eu quero fazer’. É um texto muito bem-feito, que remete aos clássicos em termos de estrutura. A gente deseja fazer certos papéis mais velha, sabe, com a idade da personagem, embora em teatro tudo seja possível. Só que é mais interessante estar mais madura como atriz”, graceja Ana, que acabou levando quase quatro anos para montar o espetáculo, em função da pandemia.

Leona Cavalli e Kika Kalache - Sra. Klein
Leona Cavalli e Kika Kalache – Sra. Klein

 

Embora jure que não leva a personagem para a cama, muito menos ao divã, Ana tem pesquisado com afinco tanto a obra, como tudo relacionado à personalidade da psicanalista.

“O ser humano é muito complexo. Acontece que chega uma hora em que eu abandono essas referências todas e crio do meu jeito, uma cena após a outra, sem maiores pretensões. Entendo esse espetáculo como uma oportunidade para reavaliarmos nossas relações familiares. Essa peça é mais sobre lidar com a vida do que com a morte, e isso inclui, claro, questões cotidianas e os lutos das nossas certezas e crenças”, analisa a atriz.

Andréa Pachá e Ana Beatriz Nogueira - Sra. Klein
Andréa Pachá e Ana Beatriz Nogueira – Sra. Klein

 

Já para Natália Lage, que interpreta Melitta, a filha de Klein, o gatilho da peça bateu mais forte nos conflitos entre mãe e filha, que são o fio condutor do espetáculo. Neste recorte, ambas as personagens precisam encarar a morte de Hans, o filho/irmão mais novo que acaba de se suicidar.

“A relação das personagens não tem nada a ver comigo e a minha mãe, mas, às vezes, esbarra em algum lugar. Como a Klein testou seu método psicanalítico nos dois filhos, a Melitta se sente violada na sua intimidade, questiona essa mistura de vida pessoal com profissional, e entra numa trilha de vingança. Então temos uma lavação de roupa suja das boas”, adianta Natália.

Há ainda um terceiro vértice nessa discussão: Paula, personagem de Kika Kalache, que fica em cima do muro, ora descambando para o lado de Melitta, sua amiga, ora para o lado de Klein, de quem é discípula. “O encontro das três é forte. A minha personagem é muito observadora, tem menos embates, pois é mais contida. Paula acaba tendo um ponto de vista da história parecido com o do público”, explica Kika.

Ana Beatriz Nogueira, Victor Garcia Peralta , Natália Lage, Kika Kalache e Barata
Ana Beatriz Nogueira, Victor Garcia Peralta , Natália Lage, Kika Kalache e Barata

 

Nesta sua nova encenação, Peralta enveredou-se por um caminho mais contemporâneo. “Os figurinos da Karen Brusttolin remetem aos anos 1930, mas também dialogam com a moda de hoje. Temos três mulheres e 18 cadeiras em cena, é como um quebra-cabeça. Acho curioso que essas três analistas, tão experientes em ouvir o outro e tratar das questões de seus pacientes, não conseguem se ouvir e ver o óbvio da questão que estão enfrentando. Em muitos momentos, o humor delas sarcástico é maravilhoso “, observa o diretor.

Ficha Técnica

Texto: Nicholas Wright

Tradução / adaptação: Thereza Falcão

Direção: Victor Garcia Peralta

Elenco: Ana Beatriz Nogueira, Natália Lage e Kika Kalache

Cenário: Dina Salem Levy

Figurinos: Karen Brusttolin

Iluminação: Bernardo Lorga

Trilha sonora: Marcelo H

Direção de movimento: Toni Rodrigues

Visagismo: Rafael Fernandez

Coordenação de produção: Eduardo Barata

Direção de produção: Elaine Moreira

Produção executiva: Victor Mello

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Morente Forte

Programação visual: Alexandre de Castro

Idealização: Barata Produções e Trocadilhos 1000 Produções

Serviço Sra. Klein

Teatro Prudential Rua do Russel 804, Glória.

De 03 a 27 de agosto

Quinta a sábado – 20h / Domingo – 17h

Quinta e sexta – R$ 90,00 inteira / R$ 45,00 meia

Sábado e domingo – R$ 120,00 inteira / R$ 60,00 meia

*No dia 10 de agosto não haverá espetáculo.

Somente às quintas 72 ingressos promocionais – R$ 35,00 inteira / R$ 17,50 meia

Classificação: 14 anos

Duração: 90 min

Ingressos AQUI

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