As transformações na sociedade colonial na Região do Vale do Café fluminense, que fomentaram a Abolição da Escravatura e culminaram na Proclamação da República, são abordadas pelo historiador Djalma Augusto dos Santos Mello em seu novo livro
O lançamento acontece na próxima terça, dia 26, a partir das 17h, na Livraria Leonardo da Vinci, Centro do Rio de Janeiro.
A criação da Imprensa Régia por Dom João VI (1767-1826), em 1808, representou um marco para o a Comunicação naquele Brasil colonial. Através dela, foi publicada A Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal da colônia. Já o Correio Braziliense, fundado no mesmo ano, teria um viés mais combativo. Este foi, em especial, carro-chefe para a difusão de ideias que começavam a ganhar o mundo.
E, no Rio de Janeiro, não tardaria para que outras regiões tivessem também seus veículos de imprensa. E uma delas foi o Vale do Paraíba, área onde era produzido o mais rentável produto de exportação brasileiro: o café. E quais eram, afinal, os interesses desses veículos? A quem serviam e quais as ideias por eles difundidas? As respostas a essas perguntas (e a outras mais) estão em A Província Fluminense – Literatura, imprensa, arte e escravidão no longo século XIX, novo livro do historiador Djalma Augusto dos Santos Mello.
Com a obra, que chega às livrarias em novembro pela Ibis Libris, o escritor faz nova incursão pela História da Imprensa brasileira e pela do próprio país, a exemplo de “História da imprensa: Cotidiano, poder e circulação de ideias no Vale do Paraíba”.
O livro começou a ganhar forma em 2021. O isolamento imposto pela pandemia possibilitou ao autor revisitar obras de historiadores importantes na sua formação como o francês Roger Chartier e os britânicos Peter Burke e Robert Darnton, entre outros. E, a partir dessas ideias, Santos Mello pavimenta um caminho que vai de 1790 a 1930, abrangendo a ascensão da aristocracia cafeeira na Região do Vale do Café à sua derrocada.
Ao longo desse percurso, o historiador debruça-se sobre importantes marcos históricos do país, muitos deles relacionados às diferentes etapas que levaram à Abolição da Escravatura, em 1888, e à transição do Império à República. E curiosidades e minúcias sobre essas diferentes épocas não escapam ao olhar arguto do escritor. Um deles diz, por exemplo, respeito a uma expressão usada por nós até hoje.
Estamos falando do termo “para inglês ver”. Diante da pressão exercida pela Inglaterra para o Brasil abolir a escravidão, é decretada uma lei que levaria muito tempo para ser cumprida – como lamentavelmente outras tantas leis brasileiras. Surge então a expressão lei para inglês ver, cuja corruptela está na nossa língua corrente até hoje.
E, através dos periódicos, fatos eram discutidos no calor do momento. Eles foram fundamentais também para difundir nomes que se tornariam referências na Literatura. Foram os casos do poeta Gonçalves Dias (1823-1864) e do romancista José de Alencar (1829-1877). Eles tiveram seus textos publicados por A Marmota Fluminense e, no caso de Alencar, suas narrativas eram acompanhadas como folhetins.
E para saber o desfecho do episódio o jeito é adentrar esta Província Fluminense. Boas histórias não faltam. E Djalma Augusto dos Santos Mello as conta como poucos.