A Pinakotheke Cultural abrirá para o público no dia 21 de outubro de 2024 a exposição “Ana Holck – Ensaios lineares”, com aproximadamente 20 trabalhos da artista carioca Ana Holck (1977), que percorrem sua produção de 2006 até agora, com quatro trabalhos inéditos criados em 2024.
Com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, as obras ocuparão o segundo andar expositivo da Pinakotheke Cultural, permitindo ao público acompanhar o percurso da artista, nas séries “Laçados” (porcelana e aço inox), “Grades” (porcelana), “Pontes Cerâmicas” (porcelana e concreto moldado), “Perimetral” (cerâmica esmaltada), “Passarelas” (alumínio pintado e cabos de aço) e “Pontes Vinílicas” (acrílico e vinil adesivo). Nos jardins da Pinakotheke Cultural estarão duas grandes esculturas, “Torres Armadas I e II” (2012), em concreto e aço, com xxx de altura.
Francesco Perrotta-Bosch destaca que Ana Holck em vários trabalhos “desestabiliza a harmonia entre as partes tão almejada desde a Era Clássica até a Modernidade na arquitetura”. O curador salienta que “Entrocados: canto VI” (2024), na imagem ao lado, “perturba os fundamentos da arquitetura”. “Quando Ana Holck decide pelo encontro de duas paredes, ela ocupa uma posição por milênios preenchida pelas pilastras, as quais, segundo o vocabulário arquitetônico clássico, são encimadas por capitéis.
Aos 96 anos, o artista nipo-brasileiro Flavio-Shiró continua em plena atividade, e ganha uma exposição na Pinakotheke Cultural – “Flavio-Shiró, 96 anos, presente” – que vai apresentar ao público, a partir de 21 de outubro de 2024, um raro conjunto de suas pinturas criadas entre 1940 e 1950, e sua também sua produção atual, em aquarela e nanquim sobre papel, de 2023 e 2024, em um total de aproximadamente 70 obras. Uma sala será dedicada a Shiró fotógrafo, fato inédito em suas mostras, com registros feitos por ele ao longo de sua vida. O público verá também cadernos com aquarelas produzidas durante a pandemia, em que o artista reflete sobre si mesmo e seu entorno.
O texto da exposição é de Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, e a curadoria é de Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural. A exposição será acompanhada de um catálogo de 80 páginas. O artista, que se divide entre Paris e Rio de Janeiro, está na cidade para acompanhar a montagem da mostra e sua abertura.
Nascido em 1928, em Sapporo, na ilha de Hokkaido, no Japão, aos quatro anos de idade o garoto Shiró Tanaka emigrou do Japão com sua família para a colônia nipônica de Tomé-Açu, no Pará, e aos oito anos “escolheu o prenome Flavio para integrar sua alcunha, cumprindo uma demanda de adaptação à língua local atendida por milhares de japoneses que tiveram o Brasil como destino de sua diáspora”, conta Paulo Miyada. “Ele conheceu a densidade da flora, da fauna e da umidade que sustentam a floresta amazônica sob um calor inclemente e sobre um solo originalmente pobre de nutrientes”. Em 1939, a família se mudou para São Paulo.
“Flavio-Shiró, 96 anos, presente” revela em suas pinturas seminais as experimentações que optavam pelo expressionismo. E seu pioneirismo, no início dos anos 1960, na pintura abstrata “dedicada ao informe, ou seja, ao rastro gestual dificilmente reconhecível ou categorizável”, aponta Paulo Miyada.
PONTES CERÂMICAS
“Com uma porcelana delicada, a artista Ana Holck apresenta o equilíbrio estrutural sob uma leve imperfeição: uma forma regularmente constituída por elementos metálicos é refeita sob a égide da mão – como uma inversão da marcha histórica da evolução das cadeias produtivas, Holck apropriou-se um modelo industrializado e o converteu em artesania”, escreve Francesco Perrotta-Bosch. “Tais Pontes cerâmicas aparentam estar suspensas num momento de construção que não finda, permanecendo em um vaivém entre o projetado e o incidental”.
Essa correspondência com o canteiro de obras reaparece na série Torres armadas, com trabalhos compostos por elementos de concreto pré-moldado para cercas. Esse material de catálogo de construção civil tem seu propósito funcional absolutamente desconsiderado. Confere-se uma dimensão escultórica a um elemento pragmático e banal. O valor artístico reside em questões formais como o arranjo em tríade e a verticalidade encontrada numa disposição autônoma de fundações no solo.
“As referências à arquitetura não são fortuitas. É a profissão pela qual Ana Holck se formou na universidade. Também se tangencia no ofício do pai engenheiro-calculista. E se escancara no léxico — pontes, passarelas, perimetrais, grades, torres — dos títulos dos trabalhos expostos nesta mostra panorâmica”, afirma o curador.
Ele comenta que “o tênue equilíbrio encontrado em meio a uma tensão estrutural regressa nas ‘Passarelas’ (2011) de Ana Holck. É também uma composição de linhas curvas e retas, como as ‘Pontes. As ‘Passarelas’ são, sobretudo, um prenúncio dos ‘Entroncados’, no que tange à recusa à planalidade e à ambição de lançar-se no espaço sem se desprender da parede da qual irrompe”.
. Obras de Ana Holck estão em coleções públicas como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Ministério das Relações Exteriores, Brasília, Museu de Arte Contemporânea de Niterói e Fundação Edson Queiroz, Fortaleza.
SOBRE ANA HOLCK
Ana Holck nasceu em 1977, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Inicia sua trajetória nos anos 2000, com instalações de grande formato em instituições como Paço Imperial, Birmingham Museum and Art Gallery, Centro Cultural Banco do Brasil, SESC Pinheiros, Santander Cultural, entre outros.
Arquiteta de formação, Ana Holck busca um diálogo entre os espaços arquitetônicos e urbanos e a arte, em busca de novas relações e de uma geometria contemporânea. Utilizando materiais diversos – como vinil adesivo, policarbonato alveolar, tijolos, blocos de concreto, que têm suas funções originais subvertidas pela artista – Ana cria, principalmente, esculturas e objetos. Desde 2003, vem realizando mostras individuais onde apresenta instalações de formatos variados.
Dentre suas principais exposições individuais estão “Entroncados, Enroscados e Estirados” (2023), no Paço Imperial, Rio de Janeiro; “Perimetrais” (2013), no 11 Bis Workspace, Paris; “Bastidor”, no Centro Cultural Banco do Brasil, e “Os Amigos da Gravura”, no Museu da Chácara do Céu, ambas em 2010, no Rio de Janeiro; “Notas sobre Obras” (2006), Mercedes Viegas Arte Contemporânea e Galeria Virgilio; “Canteiro de Obras” (2006), Paço das Artes; “Elevados” (2005), Paço Imperial; e “Quarteirão” (2004), Centro Universitário Mariantonia. Suas coletivas destacadas são: “Repentista #1” (2014), na Gallery Nosco, Londres;
“Edital Arte e Patrimônio 2013” (2014), no Paço Imperial; “Mulheres nas Coleções João Sattamini e MAC Niterói” (2012), no Museu de Arte Contemporânea de Niterói; “Lost in Lace” (2011), no Birmingham Museum and Art Gallery, Inglaterra; “AGORA Simultâneo Instantâneo” (2011), no Santander Cultural Porto Alegre; “Nova Escultura Brasileira” (2011), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Lugar Algum” (2010), SESC Pinheiros, São Paulo; “Trilhas do Desejo”, Rumos Itaú Cultural (2009); “Borderless Generation”, Korea Foundation, Seul (2009); e “Nova Arte Nova”, CCBB (2008).
Recebeu o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea (2011) e o Prêmio Funarte de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça (2009), entre outros.
SOBRE FRANCESCO PERROTTA-BOSCH
Francesco Perrotta-Bosch é escritor e curador. É autor do livro “Lina: Uma Biografia” (editora Todavia, 2021). Doutor com dupla titulação: pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e na Università IUAV di Venezia com a tese “O que labirintos podem revelar sobre a arquitetura”. É membro do júri permanente de arquitetura da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e Conselheiro do Instituto Bardi.
Em 2013, venceu o Prêmio de Ensaísmo da revista “Serrote”, promovido pelo Instituto Moreira Salles. Curador das exposições “Torções – Ascânio MMM” (MuBE, São Paulo, 2023-24), “Diálogo Bardi Bill” (Casa Zalszupin, São Paulo, 2022), “O Verão de 1945 na Itália: a viagem de Lina Bo nas fotografias de Federico Patellani” (Istituto Italiano di Cultura, São Paulo, 2022), “Irradiações – Fabio Penteado” (Casa da Arquitectura, Matosinhos, Portugal, 2019). Foi curador assistente do pavilhão brasileiro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2016. Tem vários artigos publicados no Brasil e no exterior.
Fotos Cristina Lacerda
Serviço: Exposição “Ana Holck – Ensaios lineares”
Pinakotheke Cultural
Visitação pública: 21 de outubro a 30 de novembro de 2024
Pinakotheke Cultural – Rio de Janeiro
Rua São Clemente 300, Botafogo
22260-004 – Rio de Janeiro – RJ
Telefones: 21.2537.7566
E-mail: contato@pinakotheke.com.br
Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 16h.
Entrada gratuita
Telefones: 21.2537.7566
E-mail: contato@pinakotheke.com.br
Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h.