Debate sobre O homem que amava os cachorros mostra, segundo o escritor, como uma grande derrota histórica pode ajudar não cometer os mesmos erros em novos projetos sociais e econômicos num mundo tão desigual e caótico
O homem que amava os cachorros foi o livro escolhido em votação aberta pelo público brasileiro para a edição de setembro, no dia 11, do Clube de Leitura CCBB 2024, que traz o escritor Leonardo Padura ao Brasil depois de cinco anos de ausência dele no país.
No mesmo mês, o livro comemora uma década e meia de existência, desde que foi publicado na Espanha.
“Desde então o romance teve um longo percurso, com prêmios e edições em diversas línguas e agora mesmo devemos ter na Espanha uma reimpressão especial comemorativa por esses 15 anos de vida do livro”, conta o autor, que se alegra pela receptividade à obra também dos leitores, especialistas e jornalistas brasileiros.
Padura destaca em O homem que amava os cachorros, publicado no Brasil pela Boitempo Editorial, a grande utopia igualitária que se pretendeu colocar na prática no século XX. “Essa briga pode ser considerada uma grande derrota histórica e entender as causas dela nos ajudará a não cometer os mesmos erros em novos projetos sociais e econômicos num mundo tão desigual e caótico como o que vivemos”, declara.
Segundo a curadora e mediadora do Clube de Leitura CCBB 2024, Suzana Vargas, a vinda do escritor cubano ao Brasil – que passa também pela 35ª Bienal de São Paulo, pelo Festival Literário de Cultura Judaica, na mesma cidade, e cumpre agenda no Norte e Nordeste do Brasil – esta oportunidade é uma janela para a literatura de autores latino-americanos, pouco traduzidos e divulgados entre os brasileiros – e com a recíproca verdadeira.
“Desde que iniciamos a abordagem da literatura internacional, é objetivo do Clube de Leitura CCBB, agora em sua terceira edição, colocar nosso público em contato com grandes autores da América Hispânica. É o caso de Leonardo Padura, que se popularizou no Brasil com o O homem que amava os cachorros, livro que venceu a votação aberta para a escolha do título a ser debatido pelo Clube, conta Suzana Vargas.
Para além de ser considerado hoje uma espécie de best-seller latino-americano, a obra de Padura se ocupa de denunciar, através das histórias que narra, alguns acontecimentos históricos importantes que, em sua literatura, são vistos por dentro, através de personagens marcantes e uma fantástica capacidade de fabulação.
Suzana Vargas diz que os livros dele são escritos para despertar o gosto pela leitura justamente pela capacidade que têm de mesclar acontecimentos históricos à literatura. “Padura faz isso com graça, ironia e humor e conduz o leitor com perspicácia até uma Havana desconhecida. Essa viagem nos revela, em consequência, uma Cuba surpreendente, suas contradições e suas lutas de sobrevivência”, analisa Suzana Vargas, para quem é um privilégio e uma honra o Clube de Leitura poder oferecer esse contato mais direto com Leonardo Padura.
SOBRE O LIVRO
O homem que amava os cachorros: Em uma trama fascinante, este romance explora os segredos da Revolução Espanhola, Revolução Russa e Revolução Cubana, ligando-os por meio do enigmático assassino de Leon Trotsky. O autor revela as contradições das utopias do século XX, oferecendo uma leitura instigante.
O encontro com Leonardo Padura reúne também o escritor e tradutor argentino Rodrigo Labriola, doutor em Literatura Comparada e professor de Literaturas Hispano-Americanas da UFRJ, autor, entre outros, de A Fome dos Outros: literatura, comida e alteridade no século XVI, e acontecerá no dia 11 de setembro de 2024, às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, 5º andar, do CCBB RJ, com entrada gratuita.
O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.
Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do BB. O projeto vai até dezembro de 2024 e todas as edições anteriores já estão disponíveis.
Sobre o Clube de Leitura CCBB
Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento.
Em 2023, 1.243 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Paula Tavares; Milton Hatoum; Gonçalo Tavares; Gregório Duvivier; Cida Pedrosa; Eliakin Rufino; José Eduardo Agualusa; Luiz Fernando Carvalho e Ítalo Moriconi; Conceição Evaristo; Mia Couto; e Antonio Torres.
A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 200 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.