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Anita Schwartz Galeria de Arte tem o prazer de convidar para a abertura, em 10 de julho de 2024, às 19h, da exposição “Duda Moraes – Entre force et fragilité, e a continuação do gesto”, com obras da artista carioca nascida em 1985 e residente em Bordeaux, na França, há sete anos. Duda Moraes estará presente na abertura da exposição. O texto crítico que acompanha a mostra é de Élise Girardot, com tradução do texto em português de Madeleine Deschamps.

Duda Moraes , Gabriela Machado e Anita Schwartz , - Exposição DUDA MORAES
Duda Moraes , Gabriela Machado e Anita Schwartz , – Exposição DUDA MORAES

 

Graduada em desenho industrial pela PUC Rio em 2010, Duda Moraes trabalhou por cinco anos na criação de estampas para a indústria têxtil e grandes marcas de moda, no escritório de Ana Laet. Criada em ambiente artístico – sua mãe, a artista Gabriela Machado, a levava para onde ia, ateliê, exposições – Duda Moraes realizou o que realmente desejava fazer após ter frequentado um curso com Charles Watson.

Fez exposições em Belo Horizonte e no Rio, cidade em que vivia intensamente, seja no contato com a natureza, ou nas rodas de capoeira e de samba, onde cantava. No final de 2016, entretanto, um acontecimento iria levá-la para outro universo, muito distinto: a paixão fulminante por um mestre de capoeira a fez se mudar para Bordeaux, onde casou e teve seu primeiro filho, nascido antes da pandemia. 

“Entre force etfragilité, e a continuação do gesto” apresenta este percurso vivido por Duda Moraes, que atravessou a mudança de país e continente, com uma cultura muito diferente da sua, e de status social, com o casamento e a maternidade, e a pandemia no meio. “Quero mostrar no Rio esta minha passagem, a maturação deste tempo em que estou na França, sete anos, um número marcante, como um primeiro ciclo”, diz. 

Fotos Cristina Granato

Juliana Boller , Bob Cardim e Carla Daudt - Exposição DUDA MORAES
Juliana Boller , Bob Cardim e Carla Daudt – Exposição DUDA MORAES

 

LUZ, CORES, NATUREZA – REFERÊNCIAS MUITO FORTES DO BRASIL 

Sem falar francês, Duda Moraes só sabia que Bordeaux produzia vinho. Com o nascimento do filho Tito, em 2018, ela se dedicou a ele e a todo o processo de inserção na nova vida, por dois anos. “A maternidade de fato foi a coisa mais forte, que mais me exigiu, e foi meio difícil, porque deu uma frustração, pois eu sentia que estava todo mundo acontecendo, e eu tinha morrido. Hoje eu entendo que foi um período de pausa com uma experiência muita rica de todo este processo de coragem, desair de meu lugar, de virar mãe, que não é uma coisa fácil. Não tem este romantismo”, afirma.

Nesses dois anos, ela pesquisou muito a cena artística da cidade, seus artistas e instituições. Ela encontrou na associação de ateliês de artistas de Bordeaux, L’annexe B, o espaço ideal para trabalhar, onde tem um ateliê até hoje. “Foi muito bom, porque entrei em contato com os artistas, e a fazer parte daquilo. Agora estou super inserida, com bastante projetos, e muitas exposições”, comemora. 

Anita Schwartz e Jeane Terra - Exposição DUDA MORAES
Anita Schwartz e Jeane Terra – Exposição DUDA MORAES

 

Na exposição, o público verá imediatamente o grande painel na parede central da Anita Schwartz Galeria de Arte, formado por seis pinturas, cada uma medindo 1,95 de altura por 1,30 de largura. “São telas independentes, que podem ser intercambiáveis, que criam esta sensação de se estar dentro da floresta, desta imensidão, em uma escala um por um, como uma porta, uma janela, para se entrar neste universo que trago comigo, independentemente onde esteja.

É onde me expresso, através dos elementos da natureza, em todo o meu gesto na pintura”, explica Duda Moraes. “A luz do Rio, a natureza, as cores, são referências do Brasil muito fortes na minha vida. São as flores que me dão vontade de pintar. O gesto, o equilíbrio das cores, é todo um processo”.

A artista conta que usa frequentemente como fundo de suas pinturas, a tinta acrílica fluorescente “para preparar a tela, e depois entro com o óleo para fazer as texturas, mas deixo rastros do fluorescente para criar pontos de luz, que traz este sol, de que sempre senti falta aqui, por estar vivendo estações marcadas, uma outra coloração, uma outra cultura, um outro tudo. Senti a necessidade de entrar mais luz no meu trabalho”.

Estão presentes neste painel a natureza tropical, a mata atlântica, a atmosfera do Rio “de muita interação, muita cor, o samba, este universo bem cheio, colorido, intenso, foi o que adotei no processo de trabalho, com a minha personalidade”. “A formação de minha identidade foi toda feita no Rio, onde vivi até os 31 anos”, enfatiza. As pinturas que formam o grande painel são: “Floresta Rosa e Laranja” (2023), “Os Lírios se Abraçam” (2023), “Flores em Rosa” (2024), “Quero girar para o Sol” (2024), “Iris” (2024), “Dans laforêt” (2024).

Felipe Lopes , Duda Moraes e Sol Miranda - Exposição DUDA MORAES
Felipe Lopes , Duda Moraes e Sol Miranda – Exposição DUDA MORAES

 

“No grande painel se entra no universo de onde venho, e em seguida se faz a passagem para as flores de Bordeaux, e o tecido é o grande trabalho que aconteceu comigo na França. É um passeio por minha trajetória até agora”, explica. 

Na parede ao lado, estarão três telas menores, com 140 x 160cm, em tinta acrílica e a óleo sobre tela, com flores encontradas comumente em Bordeaux, pintadas com o “olhar tropical” da artista. Duda Moraes ganhou uma publicação de 1969, com a catalogação das flores encontradas na Europa.

“As flores europeias são muito decorativas, diferentes das que vemos no Brasil, ao longo do ano, as lindas flores grandiosas no Brasil, como o bico de papagaio, por exemplo”, diz. “Elas são menores, mais delicadas, com outras cores. As flores explodem na primavera – a mimosa, as tulipas, as íris e os narcisos – e anunciam um tempo bonito.

A relação com a natureza é diferente também. Depois do frio do inverno, dá aquela alegria no coração, ao pensar: o calor está vindo”.  Duda Moraes conta que ficou com vontade de explorar esses elementos com seu gesto, seu olhar, e seu trabalho. “Minha pintura tem muita cor, não é um traço, ela é sempre muito cheia. E agora eu trago essas florescom meu olhar brasileiro.

Não faço representações delas, mas elas me abriram um caminho para eu criar o universo desta cultura. Olhei mais para elas, neste momento”, conta. As pinturas desta série são “Tulipe Perroquet”, “Narcissejaune” e “Jardin dês Pivoines”, todas em óleo e acrílica sobre tela, medindo 140 x 160 cm, feitas em 2024. 

Jeane Terra , Cecília Fortes e René Machado - Exposição DUDA MORAES
Jeane Terra , Cecília Fortes e René Machado – Exposição DUDA MORAES

 

OLHAR BRASILEIRO SOBRE TONS INVERNOSOS

Na outra parede do térreo, estarão duas obras com tecidos, que abordam também o trabalho da artista deslocado para a cidade de Bordeaux. O processo teve início em 2020, em meio ao confinamento, e Duda Moraes, sem poder ir ao ateliê, com o filho de dois anos, ela começou a trabalhar com tecidos. “O gesto era: no lugar do pincel a tesoura, e eu tinha uma antiga máquina de costura, que meu marido me deu, e que aprendi sozinha a usar, para fixar o trabalho”, conta. “Comecei a trabalhar com o que faço, que é natureza, flor, a cor, só que com composição com tecidos”.

O trabalho foi se desenvolvendo, e depois ela deixou de comprar tecidos, “porque eram muito coloridos, brilhantes, e aquilo não estava me convencendo”. “Temos a referência do carnaval, que é muito forte, mas não estava gostando”, explica. Ela então entrou em contato com lojas de estofamento, pedindo os tecidos de descarte. “Passei a ganhar muito material. Tenho tecidos incríveis, supernobres, caríssimos, veludos, sedas, fiquei louca.

Comecei a pirar na criação”, lembra. No início usou o formato grande “porque é o que gosto”. “Foi muito interessante para mim, pois foi quando a França entrou no meu processo, porque o material veio daqui. Foi um encontro das duas culturas. Minha pintura é muito tropical, muito a nossa floresta, muito Rio de Janeiro, muito colorido, eu trago muito este Brasil para cá, e as pessoas gostam. E agora uso tons mais invernosos, vindos dos tecidos.

E é um trabalho que posso fazer em qualquer parte, pois se estiver na Índia, no Peru, posso trabalhar com os tecidos de lá”, afirma. As obras expostas são “Le Grand Tissu” (2021), de 360 x 260 cm e “Les Couleursqui Tombent” (2022), de 140 x 167 cm, ambas composições de tecidos recuperados costurados com fios.

Em 2022, Duda Moraes mostrou seus trabalhos em tecido na exposição “La Lumière que j’apporte”, na Capela da Misericórdia, em Libourne, na França, com curadoria de Annie Morel, da Koozumain, uma associação dedicada às artes têxteis. E a partir de então passou também a trabalhar em um projeto financiado pelo governo de Educação Artística Cultural, “com o objetivo de ter os artistas nas escolas, o que é fundamental, tanto para o artista como para as crianças”. 

Filipe Jardim , Cecília Fortes e João Falcão - Exposição DUDA MORAES
Filipe Jardim , Cecília Fortes e João Falcão – Exposição DUDA MORAES

 

SOBRE DUDA MORAES 

Duda Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 1985. Atualmente mora e trabalha em Bordeaux, França, onde continua desenvolvendo seu trabalho artístico. Ela ocupa desde 2020 um ateliê no L’annexe B (Associação de ateliês dos artistas de Bordeaux), 1, Rue Jean Artus.

Formada em Desenho Industrial na Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), trabalhou durante cinco anos num escritório de design têxtil, onde criou estampas para grandes marcas brasileiras. Duda Moraes começou a sua vida artística desde criança, na convivência com sua família de artistas do Rio de Janeiro. A sua carreira profissional começa em 2014 no Brasil, onde frequentou um curso imersivo de desenho, por quatro semanas, quando assumiu seu compromisso profissional artístico.

Duda explora em seus trabalhos o gesto, a composição, formas e cores. A natureza é um ponto de partida para esse olhar, as flores com sua ambivalência entre força e fragilidade permitem um amplo campo de possibilidades na expressão da artista, tanto quanto o gesto rápido porém preciso quanto às cores vibrantes que surgem a partir da mistura de formas.

Em 2020, a partir de estudos de colagem para suas pinturas, a artista iniciou uma nova série com tecidos. Intituladas “- – – t e x t i le – – -“ são composições como as de suas pinturas mas com novos materiais; texturas, cores e estampas já prontas para adquirir uma obra em volume, montagem e camadas.

É então que o trabalho de Duda ganha uma nova forma, com tons invernais e estilos mais nobres graças aos tecidos de veludo, sedas e padrões arabescos.O trabalho em tecido é um encontro de culturas.

Após importantes exposições individuais e coletivas em Bordeaux Métropole, na Galeriedu Petit Atelier e na Capela de La Misericorde, em Libourne, como o projeto Noyau da associação Fhon, a “La Dame à laLicorne” nos Glacières de laBanlieue, Bleu Satellite, um off do salão bad+ e no projeto Diffractis, um percurso artístico em jardins privados, ela também participa do programa de educação artística e cultural EAC, com o projeto made in madeon junto com a L’Agence Creative, e em várias oficinas com trabalho têxtil. Elavenceu o Prêmio Robert Coustet 2023, pela cidade de Bordeaux.

 

Serviço: Exposição “Duda Moraes – Entre force et fragilité, e a continuação do gesto”

Abertura: 10 de julho de 2024, das 19h às 21h

Até 24 de agosto de 2024

Entrada gratuita

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro

Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)

Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h

www.anitaschwartz.com.br

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