Ontem (19/06) o artista Marcelo Monteiro apresentou sua individual “No Limite do Possível” na Galeria Movimento, na Gávea, com a curadoria de Vanda Klabin.
“Marcelo Monteiro conjuga a articulação da madeira, sua matriz escultórica, com formas expansivas imbuídas de um desassossego que parecem estar em desordem ou insinuar inesperadas contradições. Ao dispor coisas entre as coisas, coloca a nossa percepção numa encruzilhada; o nosso olhar se comprime e adquire uma visibilidade cindida. Explora a instabilidade, as situações limites, o equilíbrio tênue que nos situa em um território conturbado, mas reafirma o seu campo de força visual.
O vetor determinante no seu processo de trabalho é talhar os blocos de madeira e segmentar um continente comum para os diversos elementos que orbitam em torno dessa matéria-prima. Um campo ativo de experimentações permeado por ambiguidades que se alinham na interface da organicidade do trabalho artesanal e do processo produtivo industrial; é assim que suas obras adquirem consistência como um lugar de matéria, de textura, do fazer, do conhecer, e ao mesmo tempo, demarca o tensionamento entre a dispersão e a contenção de seus componentes.
Marcelo Monteiro experienciou inicialmente um período de matrizes figurativas que tiveram a sua dissolução no objeto escultórico pelo adensamento de uma linguagem visual abstrata, que abriu novas possibilidades para elaborar sua prática de trabalho. A temática da natureza está presente no seu imaginário como uma permanente interrogação, sempre nos colocando diante de uma dicotomia consolidada. Evidencia a presença da habilidade manual, do estar em contato com a manipulação direta com os materiais orgânicos e produtos industrializados, que se confrontam permanentemente e indicam uma vontade ordenadora de futuros possíveis.
Fotos Cristina Granato