Ontem (22/03) a Companhia de Dança Deborah Colker retornou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro para comemorar seu trigésimo aniversário. O palco, onde tudo começou, recebe desta vez a estreia de “Sagração” nos dias 21, 22, 23 e 24 de março. Na versão dirigida por Deborah Colker, a música clássica de Stravinsky encontra ritmos brasileiros no espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo.
Uma noite belíssima. Os críticos de plantão amaram a nova criação da coreógrafa. Uma masterpice declararam. Na plateia a diva Fernanda Montenegro,, A diva da saúde Margareth Dalcomo, a graça de Mini Kerti, Isabel de Luca e Claudio Amaral Peixoto, Antonio Pitanga e Benedita da Silva,
Com patrocínio do Ministério da Cultura e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio da Prefeitura do Rio, a Companhia também dá início à temporada de apresentações de 2024 com a turnê dos seus 30 anos, que somam mais de 2 mil apresentações, em 75 cidades, de 32 países, totalizando um público de mais de 3,5 milhões de pessoas.
“Ao longo desses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que em 1994 fundou a companhia de dança com Deborah Colker.
“Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”.
Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou à ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo.
O processo criativo de “Sagração” durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de “A Sagração da Primavera”, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca antes utilizadas em partituras.
Gringo Cardia traz um cenário em constante mutação. O bambu, que é um material utilizado por muitos povos da Ásia às Américas, em “Sagração” é o elemento principal. Os catorze bailarinos dançam e criam paisagens manipulando 170 varas de bambu de quatro metros, sobre linóleo com pintura em espiral, que remete à forma de uma galáxia.
Beto Bruel criou um desenho de luz extremamente detalhista. A cada cena, a iluminação guia o público pela saga da dramaturgia, que vai desde a criação do mundo, passando por momentos de evolução até chegar à cena final. É também nesse caminho que o figurino de Claudia Kopke apresenta os seres que habitam e evoluem na cosmogonia apresentada pela Companhia de Dança Deborah Colker.
Fotos Vera Donato
Theatro Municipal recebeu ontem (21/03) “SAGRAÇÂO” novo espetáculo da COMPANHIA DE DANÇA DEBORAH COLKER