Ao trazer dois artistas de intenções distintas, a mostra estabelece um diálogo em contrastes, apresentando expressões consolidadas em investigações que tem no gesto suas dinâmicas estruturais.

Em Kakati, a composição é milimetricamente planejada, mesmo que o acaso tenha lugar na expansão pictórica de suas escolhas. Seus campos de cor superpostos em velações e transparências, trazem uma volumetria construtiva fluída, dividida entre um abstracionismo geométrico de grande relação historicista na arte, numa ponte que vai de Klee a Sued ou Ianelli, até composições atmosféricas rothklianas, um exercício colorista entre Ohtake e Jim Maria da Cruz, com a relevante autonomia de quem, há muito, domina um vocabulário
próprio.

Já Atherino, tem em seu gestual livre, expressionista, sua tradução de autoralidade, ora flertando com uma pintura mais brutalista que vai de Dubuffet a Thomas Houseago, ora mais flutuante, que lembra grafismos giacomettianos, também regidos sob sua assinatura.

Desta imposição de contrastes, a exposição traz ao espectador a possibilidade de acompanhar a trajetória de dois artistas fiéis às suas escolhas e que mantém linhas autorais claras e intensas, mesmo que diferentes em forma e sentido.

Kakati e Atherino compõem com a mesma força pictórica suas expressões e por isso é interessante poder confrontá-las em suas potências
Suas verdades naturais.
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