Eu cheguei cedo. Apesar do horário do jantar ser 18:00 horas me antecipei e cheguei faltando dez minutos para a s seis horas. Uma experiência única foi o que o samurai CM, me prometeu. Amigo do chef Tsuyoshi Murakami, ele conseguiu uma reserva de ultima hora para que horário e eu topei claro. Amo a culinária japonesa e também estava convocado o mágico PC. Desde a sua última performance não tinha visto o mago e fiquei imaginando o que ele faria. Talvez fizesse quebrar todas as maquinas de cartão de crédito ou fazer desaparecer todo o arroz do restaurante.
Cheguei ao restaurante Murakami e fui recebido por um simpático caucasiano uma mistura de maitre e sommelier da casa que me pediu como eu era o primeiro a escolher um dos seats do balcão. Posicionei-me de frente para o sushi man, que ficava em outra mesa mais afastada do balcão. Adorei o décor limpo, clean, com pé direito alto e cores neutras afagavam o clima e as cadeiras do balcão bastante confortáveis. Poderia mora ali, ou melhor, comer ali naquele ambiente todas as noites. Um adiantamento para o que estava por vir.
Poucos minutos o chef Murakami veio até a minha frente e se apresentou formalmente e em cinco minutos de conversa ele já tinha me conquistado. Nascido no Japão chegou primeiro ao Rio de Janeiro e depois junto com a família foi para São Paulo. Já adulto correu o mundo aconselhado por um mestre de sabedoria milenar que lhe disse que seu negócio era a cozinha tradicional japonesa. Irreverente no ponto certo o chef buscou seu conhecimento pelas grandes capitais do mundo e sempre Tóquio a sua fonte. Depois de passar pelos tops do mundo voltou para São Paulo e fez seu próprio restaurante no bairro da Liberdade por 30 anos.
Bom, o samurai CM chegou e o chef fez mil reverencias e eu pude sentir melhor a hospitalidade e a integridade da cultura japonesa. Na banca das bebidas o champangne Krug, vinho branco Chablis e outras delícias, mas acabei optando por um sake pouco frutado e seco que eu poderia ficar tomando a noite toda, muito embora o samurai pedisse vinho branco para saborear com o menu degustação. Estranho samurai e vinho branco, o tempo da globalização chegou até para o mais tradicionais. O mágico chegou elegantemente vestido combinando sapato e calça e logo percebi que não haveria mágica e sim muita degustação e prosa. O chef Murakami é um perfeito host além de todo seu conhecimento gastronômico. Claro, que o menu degustação muda quase que diariamente.
O que dizer sobre a comida a não ser uma coisa: fantástica. Delicadamente preparada pelos seus discípulos enquanto o chef desfilava pelo corredor em sua passarela imaginária como um grande estilista vendo seus robes du soir serem confeccionados. Pequenas joias comestíveis é como o sunimono de uni. O que mais podemos descrever o piece dui resistence, um filé wagyu feito tipo tonkatsu. Até o mágico suspirou. Os sabores mais incríveis são encontrados nos pratos mais simples, o arroz, o misoshiru, os sashimis e a ostra temperada. Surpreendente.
Os ingredientes todos da melhor qualidade e tempo de preparo e que chega ao prato tudo é feito especialmente para aquele momento. No final ganhei de brinde uma lula condimentada que se come com arroz que era uma chave para o reino dos prazeres comestíveis. Um profundo deleite. Para mim cabia mais um pratodentro do menudegustação e uma escolha de sobremesa me tirasse do mundo oriental e levasse para algo fusion entre a França e o Japão, eu iria amar. Talvez um sorbet de chá verde, mas nada a declarar além de que foi tudo maravilhoso.
O Murakami fica na Avenida Lorena 1186 e é mlhor fazer reseva para não perder esse aspecto da experiência e pode acontecer de voltar da porta. Porque o restaurante é um must know na cidade que nunca para.
Fotos José Ronaldo Müller