Marcela Polo riscou as passarelas dos anos 80 e testemunhou uma época importante na moda do Rio, talvez a última onda onde a criatividade e a originalidade dos criadores era fundamentais para resultado final. Nada de fashion food. Uma época que modelos faziam sucesso e você as encontrava na noite acompanhadas por uma fauna rica de talentos e de algum cash. Noites cariocas, Búzios e Paris, é claro.
Os desfiles e as feiras de moda cariocas ferviam e a jovem Marcela Polo ali no meio brincando como uma criança nesse mundo fashion que figuravam mulheres lindas e estilistas com a cabeça cheia de sonhos. Pouca pessoas conhecem esse mundo carioca fashion anos 80, mesmo com algumas tentativas de criar marcas pós esse momento estabelecessem uma moda carioca para o mundo não é fácil superar aquele frisson fashion.
Anos 70 já foram espetaculares e os oitenta era para ser ainda mais. Não foi, aconteceu o inverso o declínio do glamour e a ascensão do politicamento correto e o conceito minimalismo voltou com força.
Hoje, a gata Marcela Polo mudou o jogo. Evoluiu e buscou lá no coração lembranças e memórias de sabores e texturas e na magia da cozinha e criou seu desfile de delícias. Quiches, tortas, galletes tudo junto e misturado alta gastronomia e com delivery. Um pret-á-manger delicioso.
1) O que te levou a cozinhar?
Sou de família italiana e de cozinheiros. Meus avós eram donos de restaurante no Lido, em Veneza, onde minha mãe e tias cresceram e mais tarde também ajudaram … acho que já é do sangue.
Mas estar diariamente com minha mãe cozinhando, acho que foi o que tornou tudo orgânico. Lembro-me que aos 5/6 anos, eu pegava todas as cascas dos legumes que minha mãe descascava e fazia sopa dessas cascas… brincava de cozinhar e minha mãe deixava, meu pai comia e dizia que estava uma delícia, mesmo que salgada rsrs … como também ajudava a fazer o gnochi… coisa que também fiz com meus filhos mais tarde.
2) Quais são as lembranças familiares da cozinha na sua infância? Cheiros, produtos?
Aqui no Brasil cresci com minha mãe e minha tia disputando quem cozinhava melhor rsrs… E em Veneza, quando visitava minha avó, a minha lembrança era que a cozinha era como a sala da casa… Tudo acontecia em torno da mesa com a garrafa de vinho sempre lá. E os brodos, que ficavam apurando e reduzindo por horas e era à base de muitos pratos. Tudo acompanhado de conversas e risadas que levavam as mesmas horas .
3) Você começou a modelar quando?
Com 14 anos, comecei com Maria Augusta, Gugu da Socila e Pina. Sobre minha carreira de fotos e passarela, primeiro comecei pelo curso da Socila, e num dos desfiles do grupo que foi no clube Marimbas, fui vista pela jornalista Iesa Rodrigues, que fez a matéria para Caderno B do JB .Tive minha primeira imagem divulgada, com foto do craque Luiz Garrido. Logo depois fiz o editorial de reveilon da Revista de Domingo, também com a Iesa Rodrigues, que considero minha madrinha.
4) O mundo das passarelas te pegou logo, quando anos você trabalhou como modelo?
Durante 14 anos, até os 28 quando tive minha segunda filha, nesses quatorze anos curti muito todas as viagens.,tantas pessoas interessantes, mas sempre pensei que teria que pendurar os scarpins ainda na alta, e foi quando casei e tive meus filhos… me despedi sem remorso ou qualquer nostalgia, foi uma época maravilhosa, mas depois veio uma mais maravilhosa, construir minha família e criar meus filhos… anos que foram de muita dedicação e entrega total por este amor incondicional, hoje com meus filhos adultos posso me dedicar inteira e totalmente para o que amo muito, cozinhar!
Levar alimento e saúde com muito amor e responsabilidade para tantos lares, estar com minhas criações nas mesas que reúnem amigos e familiares…sempre imagino essas mesas muito alegres e cheias de assunto… como era a mesa da cozinha/sala da casa della mia nonna.
5) O que te motivou a trabalhar com cozinha profissionalmente?¨
Trabalhar com cozinha foi algo que aconteceu naturalmente. Uma vez fiz um jantar em família, era uma mesa de lasagnas variadas, minha cunhada comentou com uma amiga, a Laura Burnier, e ela começou a pedir p levar p Angra e sempre repetia o pedido, uma travessa grande de camarão e outra a bolognesa
Depois fiz o jantar de niver do Claudio Chagas Freitas, com uma variedade de 6 massas e molhos para 80 pessoas. E assim foi o boca a boca e nunca mais parei… já fazem 24 anos
6) O diploma de chef era algo que você procurou?
Não me considero de forma alguma uma chef e sim alguém que tem a cozinha como algo que sempre fez parte da vida, na cozinha me concentro e esqueço o mundo lá fora, minha higiene mental e total entrega. Segundo, gosto muito da liberdade e potencial de criação que a cozinha proporciona… tudo já existe, mas sua leitura pode mudar tudo. Isso me instiga muito… Sou muito atraída pelos condimentos, os aromas e as cores dentro de cada receita
7) Você já quis ter um restaurante?
Já,e ainda penso, mas teria que ser com uma boa parceria. Alguém que chegasse p somar e tão trabalhador quanto eu..
8) Como a sua produção sofreu com a quarentena?
Os meus produtos sempre foram para as reuniões familiares, os almoços e jantares entre amigos e o brunch no trabalho.
De repente nada mais disso pode acontecer, pelo isolamento social. Agora o carro chefe são as opções para o dia a dia, as individuais práticas e saborosas. Um às na manga para facilitar uma refeição leve, saudável e prática.
9) Alguma dica na cozinha para quem está na quarentena?
Faça desse momento sua terapia ocupacional,.você vai descobrir um campo de criatividade e desafio gratificantes. É uma verdadeira higiene mental … tenta e depois me fala.
10) Qual é a novidade da sua cozinha para essa temporada de Covida 19?
Estou criando um pequeno cardápio, também para facilitar o dia a dia das pessoas, com opções que vão além das quiches.
11) Salgados sabemos que você é craque e os doces o que você produz?
As tortas doces, que são pesquisas minhas sobre receitas tradicionais, como a Santiago de Compostela (espanhola), a Tarte fine aux pommes(francesa), a frangipane de amêndoas e amaretto e a Caprese ( essas 2 últimas italianas)
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