Existe um prazer oculto na relação do espectador com as obras da artista plástica Vania Mignone (Campinas – 1967). Algo que mistura suspense, mistério e sensualidade. Como um roteiro de cinema, o espectador é convidado a participar daquela imagem como um frame de um filme que fica ali entre os clássicos de Luis Bunuel, e Hitchcook e com um pitadas de Reichenbach e um pouco de Mazzaropi. Um tormento delicioso repleto de cores magnificas.
No próximo dia 08 de maio a Casa Triangulo abre a décima segunda individual da artista na galeria, coincidindo com o lançamento do novo livro da artista. A publicação, primeira monografia da artista, foi editada pela Piña Cultura e conta com texto introdutório e entrevista com o curador Gabriel Pérez-Barreiro.
Vânia Mignone é reconhecida por suas pinturas que exploram um universo infinito e particular, mas que, ao encontrar os olhos do observador, acabam por se tornar plurais. Não há como se confrontar com a obra da artista sem confrontar a si próprio.
Através dos seus recortes e colagens, Vânia traz profundidade ao que é colocado sobre a lupa observadora da artista que o esmiúça ativamente; o completa com palavras e símbolos, como observado por Gabriel Pérez-Barreiro: “o texto também tem um papel central na obra de Mignone. Quase todas as pinturas incluem uma palavra ou uma frase curta que nunca é descritiva, mas sempre altamente evocativa. Tais palavras servem quase como letras musicais de uma composição visual, e trazem referências que são poéticas e expansivas. Esses enunciados são parte integral do trabalho, incorporados à composição, e agem como elementos inseparáveis em nossa leitura visual da obra como um todo. As palavras não são legendas nem títulos, mas algo entre ambos, com peso físico e presença atmosférica que as tornam parte efetiva da cena em que estão”