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Geraldo Marcolini é o pintor e sua pintura sobre espaços que através da pintura ganham coloridos e sensações que vão além das imagens. São sensações que exploram o vazio, a solidão e a beleza. Luzes e sombras, reflexos aquosos e matérias que sugam o espectador para dentro das obras.

Conversamos sobre seu processo e sua estória.  Hoje suas obras estão em três galerias no Brasil e recentemente participou da coletiva “A Casa Carioca” no MAR (Museu de Arte do Rio)

 

1) Quando você começou a ser artista?

Na infância tive bastante acesso a livros de arte, música, literatura, quadrinhos e cinema, por influência paterna. Gostava muito de desenhar, copiava Van Gogh, Cézanne, capas de discos, cenas de futebol, criei alguns personagens de quadrinhos. Na escola os amigos me pediam para desenhar coisas. Mas só fui pensar em ser artista e comecei a me dedicar ao trabalho de pintura com mais seriedade por volta dos 25 anos de idade.

Geraldo Marcolini

 

2) Qual foi sua trajetória?

Cursei alguns semestres de arquitetura e design gráfico na UFRJ antes de decidir tentar a carreira de pintor. No início dos anos 90 morei por 4 anos em Nova York, onde frequentei aulas na School of Visual Arts e no Art Students League. Quando voltei ao Brasil dividi ateliê em Santa Teresa com outros artistas recém-formados da EBA-UFRJ e me envolvi com arte urbana, integrando o coletivo Atrocidades Maravilhosas. A partir dessa época comecei a expor meu trabalho com mais regularidade, principalmente no país, mas também no exterior. Já realizei trabalhos com vídeo, instalação, arte urbana e gravura.

3) Quais são os maiores obstáculos para a carreira do artista plástico no Brasil?

São muitos. Sem dúvida o maior é a falta de incentivos para a produção e desenvolvimento do trabalho. Os artistas dependem cada vez mais da inserção no mercado para seguirem produzindo. Precisamos de mais alternativas como prêmios, bolsas, residências etc sejam de caráter público ou privado, que promovam o desenvolvimento da enorme quantidade de talentos que temos. O descaso governamental com as instituições educacionais, culturais e com patrimônio artístico do país também causa tristeza. Outro aspecto desfavorável é a grande concentração de museus, instituições, galerias e feiras de arte no restrito eixo Rio-SP.

Geraldo Marcolini

4) Como você descreve a sua pintura?

Posso resumir como uma tentativa de solucionar problemas que eu mesmo crio.

5) Qual a importância da cor no seu trabalho?

Essencial, embora eu nunca tenha me considerado ou desejado ser um colorista. Durante um bom tempo realizei pinturas utilizando uma técnica de impressão manual que desenvolvi que remetia à gravura, portanto as cores eram pensadas em uma lógica semelhante à das gravuras, menos policromáticas, mas recentemente comecei a usar a paleta aberta novamente. Tanto em uma série quanto na outra, as cores são definidoras do caráter das obras.

Geraldo Marcolini

6) Como é a sua rotina de trabalho?

Hoje em dia chego de manhã no ateliê e fico até o fim da tarde/início da noite, em 5-6 dias por semana. À noite dedico um pouco de tempo ao trabalho de escritório, como e-mails, contatos com as galerias e instituições, preparação de projetos etc.

7) Inúmeros importantes artistas em momentos da carreira não trabalhavam com galerias. Qual a importância da galeria na sua carreira? 

Trabalhei bastante tempo sem galeria, quando comecei havia poucas no RJ. As galerias não são indispensáveis para a realização do trabalho, mas sem dúvida cumprem importante papel tanto no aspecto financeiro quanto na circulação e exibição de obras de arte. Atualmente sou representado pelas galerias Celma Albuquerque, Roberto Alban e Danielian Galeria.

Geraldo Marcolini

 

8) Quais são as suas referências no seu trabalho?

Gosto do trabalho de inúmeros pintores e pintoras do passado e do presente. Todos me influenciam ou influenciaram em algum momento.

9) Você pinta muitas piscinas e mares qual a sensação que você busca?

De fato as piscinas tem sido um tema bem recorrente no meu trabalho recente, embora eu já esteja começando a ir em outras direções atualmente. Acho que tem a ver com questões que me interessam, como a memória arquitetônica, ascendência e decadência econômica, construção/ruína, além da plasticidade pura e simples de seus reflexos e estrutura.

10) Quais são seus próximos planos?

Criar meus dois filhos, voltar a viajar quando acabar a pandemia e continuar a pintar até morrer.

Geraldo Marcolini