Com curadoria de José Ricardo Novaes, o coletivo UAIART, formado pelas artistas Flavia Fabbriziani e Paloma Carvalho, apresenta, no Centro Cultural Municipal Parque da Ruínas, a instalação “Laurinda: a mulher, a casa, os artistas – uma intervenção nas ruínas”, uma obra sonora e uma instalação visual que ocupa o espaço interno do átrio, a partir da história da casa e de sua proprietária, Laurinda Santos Lobo fazendo uma homenagem aos artistas que frequentaram este lugar no passado. A abertura da exposição é no sábado (19), das 14 às 16h.
Uma fita cor de rosa, a cor preferida de Laurinda, com seus nomes bordados: figuras locais, sambistas e seresteiros e também artistas internacionais que vinham se apresentar no Theatro Municipal. Laurinda deu apoio fundamental a Heitor Villa Lobos no início de sua carreira. Todos se misturavam nas grandes festas oferecidas por ela.
O que eram estas recepções dos anos 1910 e 1920? Laboratórios sociais em um período de efervescência, num Rio de Janeiro que via um futuro “afrancesado”. A obra sonora ressalta o excesso do uso de palavras francesas no início do século XX, para refletirmos sobre os limites de um movimento de “modernização” sob uma ótica colonizada pela referência parisiense.
A mulher e a casa seguem seu curso e a obra nos conta outras lutas de Laurinda. Sua vida não se limitava a recepções e encontros sociais. Lutou em prol da causa feminista: presidiu o conselho da Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Superar a imagem fixada por João do Rio, a de “Marechala da Elegância” e mostrar que haviam inúmeras facetas no complexo personagem histórico: a articulação política exercida por Laurinda em seus salões era o espaço possível numa sociedade sexista.
Estão presentes o drama do abandono, roubo e destruição da casa no passado e também seu renascimento como Centro Cultural ao som da composição “Quattour–Impressões da Vida Mundana”, música composta por Heitor Villa Lobos em sua homenagem. Esta obra faz parte do projeto “Mulheres Iluminadas”, do coletivo UAIART (formado por Flavia Fabbriziani e Paloma Carvalho), que tem uma causa: redescobrir forças femininas históricas,discutir o empoderamento feminino nos dias atuais, e a presença de mulheres que contribuem para a dinamização da cena cultural carioca.