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Sintonizada com a união histórica entre literatura e audiovisual, o RioMarket abriu espaço, neste sábado, dia 8, no campus Villa Aymoré da ESPM, na Glória, para um dos autores mais populares do romance policial brasileiro hoje, laureado com o troféu Jabuti por “Uma Mulher no Escuro“: Raphael Montes. Para falar de seus sucessos como escritor e de sua incursão na TV, no cinema e no streaming, como roteirista em “Bom Dia, Verônica” (Netflix), Montes revisitou seu passado e antecipou seus passos futuros num papo com Silvio de Abreu, autor de novelas cultuadas como “Torre de Babel” e “A Próxima Vítima”. Abreu e Montes hoje desenvolvem projetos da HBO Max.

Raphael e Silvio

 

“Como meus livros têm fama de serem muito visuais, começaram a me chamar para narrativas audiovisuais. Na minha casa, não havia livros. Meus pais não são de ler muito. Eu gostava de novelas e de colecionar bonecos. Lendo Sherlock Holmes e Agatha Christie, eu me achei no policial. Meu primeiro conto eu escrevi em aula e falava de uma professora que queria matar todos os alunos”, lembrou Montes, ao elencar a prosa de Patricia Highsmith entre suas leituras favoritas. “Ao fazer a noite de autógrafos de meus primeiros livros, as pessoas se decepcionavam comigo, ao me conhecer, por notarem que eu não sou dark, não tenho um lado sombrio”.

Em meio a best-sellers como “Jantar Secreto” e “Dias Perfeitos”, Montes escreveu filmes como “Praça Paris” (que deu à Lucia Murat o troféu Redentor de Melhor Direção no Festival do Rio 2017) e trabalhou na novela “A Regra do Jogo” e a série “Romance Policial: Espinosa”.

“Em paralelo ao núcleo policialesco de investigação que eu sigo, tento encaixar um núcleo de melodrama, pois eu cresci vendo”, diz Montes.

Ao explicar o trabalho com Montes na HBO Max, num formato chamado telessérie, Abreu destacou a dimensão emotiva dos folhetins. “A telessérie busca na novela a emoção. A novela é uma obra concebida com 200 e tantos capítulos e você não pode concentrar tudo num só núcleo, para não matar o elenco de exaustão. Tem que ter vários núcleos”, diz o autor de “Guerra dos Sexos”, que cuida do núcleo de novelas da HBO Max.

Em 2021, Montes levou seus fãs às plataformas de streaming para ver os filmes “A Menina Que Matou Os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, na Amazon Prime. No projeto de telesséire que desenvolve agora para a HBO Max, o romancista carioca explora rupturas com a cartilha clássica da teledramaturgia nacional. “Experimento terminar cada capítulo com um gancho de novela, tipo uma revelação. Mas no que o capítulo seguinte começa, já se passou por aquilo. Os elementos não precisam voltar”, contou Montes. “Quando eu fui da literatura para o audiovisual, ouvi muita gente falar: ‘Ih, desiste. Escritor não sabe fazer roteiro’. Mas eu tentei. É possível. Todos os formatos me dão prazer. Basta saber desligar uma chavinha e ligar outra. Hoje, fazendo muitos roteiros, quando eu sento pra escrever um livro, às vezes demora pra engrenar. Mas vai”.

Raphael e Silvio

 

O RioMarket segue até o dia 13 de outubro no campus Aymoré da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na Glória.