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Alexandre Murucci abre a mostra individual “Cadeau” no Centro MariAntonia, com 17 obras – esculturas, objetos, fotografias, videoinstalação e instalações – onde traça um panorama crítico e por vezes atávico, do momento político atual e, quase hereditário, dos males que assolam a nação. Ao mesmo tempo, o artista reconhece seu momento e seu papel e, o que crê ser a demanda de seu país: fortalecer instituições, liberdades e discursos inclusivos. A curadoria e o texto crítico são de Shannon Botelho.

Cadeau”, que titula a mostra e também nomeia uma das obras da exposição, na língua portuguesa significa ‘presente’, como ato de estar fisicamente num lugar ou numa causa, assim como celebrar outra pessoa, dar a ela uma lembrança num momento especial; “e este termo tem sido usado como palavra de ordem em atos de protestos e luta por direitos individuais e coletivos da sociedade brasileira. Será este o “presente” que deixaremos para futuras gerações ou estaremos “presentes” na hora de defender nosso patrimônio natural ??”, questiona o artista.

Na visão de Shannon Botelho, o artista dando sequência à sua visão de perdas pregressas que continuam ameaçando o seu presente, explica: “Sobre essas ideias está estruturada a crítica de Murucci, uma insurgência contra as opressões e as formas de violências que insistem em minorar a vida, como uma sirene em alerta, indicando a sucessão distópica de eventos que a compõem.”

Sobre as obras em exposição, mantendo um viés coerente em sua criação artística, Murucci brinda o público com trabalhos que derivam de uma dialética, um pensamento plástico à serviço ‘de uma abordagem crítica dos fatos’. Os temas podem variar, mas a abordagem mantém fiel à dinâmica necessária para cada peça: a opção pelos suportes mantém-se fidedignas ao fio condutor do trabalho que é seu conceito. 

“Neste sentido, mantenho essa unidade matérica com uso de ferro, metal, espelho e madeira, que reverberam um cromatismo restrito, só quebrado pela eventual presença de vermelhos, pois foi a cor base de uma fase bastante ampla do meu trabalho. E, como suportes principais, apresento esculturas, objetos, fotografias, vídeos e instalações, mesmo que o desenho esteja fortemente presente na criação das obras”, pondera o artista. A utilização de materiais pós-industriais e naturais os quais imprimem uma fatura povera e ready-mades, instauram uma lógica criativa, mais do que uma investigação da forma. “Um pensamento plástico em busca de um testemunho de meu tempo histórico, sem preconceitos físicos formais, a não ser o rigor do acabamento, fruto de meu DNA da arquitetura e do design”, conclui. 

Fotos  Silvana Garzaro

Tarcísio Benevides

 

Shannon Botelho e Alexandre Murucci

 

Alexandre Murucci

 

Alexandre Murucci e Paula Alzugaray

 

Dácio Bicudo

 

Ana Avelar