• Post author:

Exposição de Maria Fernanda Lucena “Boneca de Papel” estreia no dia 22 de março no Paço Imperial

 

Exposição de Maria Fernanda Lucena “Boneca de Papel” estreia no dia 22 de março no Paço Imperial
Maria Fernanda Lucena – “Boneca de Papel”

Maria Fernanda Lucena
“Boneca de Papel”

Curadoria Bruna Araújo

Abertura: 22 de março, das 14h-18h

Local: Paço Imperial, Praça XV de Novembro 48
Centro – Rio de Janeiro

Exposição: 22/03-21/05/23
Visitação: terça a domingo e feriados, 12h-18h  

Faça você mesma!

É aqui, na Praça XV, que Maria Fernanda Lucena, semanalmente, revolve memórias. Frequentadora da feira de antiguidades, tem o hábito de colecionar objetos e retratos e, no clima nostálgico das manhãs de sábado, dedica-se a uma procura atenta, preferencialmente fotografias 3×4, de rostos desconhecidos dos anos 1960, 70 e 80. 
 
Nestas mesmas décadas, circulavam no mercado editorial brasileiro as bonecas de papel, ou paper dolls, como eram conhecidas popularmente na Europa e nos Estados Unidos, consequência do aumento das revistas endereçadas a uma fração do público feminino e da ampliação dos espaços dedicados à moda. Tais publicações, que, até então, se restringiam a assuntos domésticos, dicas de beleza e fotonovelas, precisaram se adaptar às recentes exigências de consumo, decorrentes dos acelerados processos de industrialização e das investigações sobre o corpo que ocupavam o centro das discussões políticas, estéticas e sociais. 
 
Embora mudanças tenham sido inevitáveis, o jornalismo dedicado às mulheres atuava em uma espécie de conciliação entre os novos hábitos e as tradições estabelecidas. Na contramão das transformações e de uma virada iconográfica impulsionada por artistas e movimentos feministas e de classe, que rejeitavam representações fixas e uma identidade hermética, o exercício lúdico de recortar e colar figuras e vestimentas parecia ainda operar para que o público infantil, sobretudo as meninas, mantivessem a casa sob algumas ordens. 
 
Em seus trabalhos, Maria Fernanda resgata lembranças e estabelece uma relação de troca com o que encontra, costurando suas referências musicais e os figurinos de estilistas que admira. Desloca os rostos de um lugar passível de neutralidade para poses e gestos afirmativos e os coloca de pé para serem lidos. A série aqui apresentada, que une colagem a pintura, explora a lógica da brincadeira, mas subverte seu caráter, criando um território labiríntico, de interrogações perspicazes e bem-humoradas, um jogo de espaços vazios e transitórios, fragmentados e abrangentes como nossos corpos podem ser.