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Jaime Lauriano

Museu de Arte do Rio tem o prazer de apresentar, a partir de 28 de abril de 2023, a exposição “Aqui é o fim do mundo”, panorâmica da trajetória de quinze anos do artista Jaime Lauriano (1985, São Paulo), um dos expoentes do novo momento da arte brasileira, que repensa a história oficial do Brasil. Ele tem participado de importantes antologias a respeito, e já integrou oito exposições no MAR, uma delas como um dos curadores, junto com Flávio Gomes e Lilia Scwarcz.  É dele o calçamento em pedras portuguesas na entrada do Museu, em que estão gravados os nomes das doze regiões da África que forneceram, por meio de sequestros e outras ações violentas, a mão de obra escravizada levada ao Brasil. “Aqui é o fim do mundo” tem curadoria de Marcelo Campos e Amanda Bonan, e reúne mais de 40 trabalhos, produzidos entre 2008 e 2023

Cinco obras foram comissionadas especialmente para esta exposição, e são: as pinturas “Invasão da cidade do Rio de Janeiro” (2023), 130 x 180 x 2,5cm; “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião” (2023), 120 x 140 x 2,5cm; as instalações “Afirmação do valor do homem brasileiro” (2023), 100 x 350 x 5cm e “Experiência concreta #9 (roda dos prazeres)” (2023), com bacias de ágata e desinfetante, e o vídeo“Justiça e barbárie #2” (2023). A exposição integra a programação de dez anos do MAR.

Texto do curador Marcelo Campos 

“É urgente decretar o fim do mundo. Já foi declarado o fim da história, o fim da arte, o fim das grandes narrativas. Tais epílogos têm um sentido principal de demonstrar que quase ninguém foi incluído nas versões oficiais dos fatos. No centro das praças, heróis engalanados, militares, facínoras. Nos símbolos nacionais, paraísos idealizados, esvaziados de gente, servindo ao consumo e ao turismo.

Bandeira Nacional - Jaime Lauriano
Bandeira Nacional

 

Nas periferias das cidades, os tanques militares, os caveirões, as patrulhas. Em contrapartida, os usufrutos do lazer, do prazer, dos salões principais se destinam aos brancos da elite. Aos racializados, a limpeza, o servir, as exibições corporais exotizadas.

Brinquedo de furar moletom, caveirão

 

Jaime Lauriano traz, em “Aqui é o fim do mundo”, novas histórias, outras histórias, com a esperança de ainda podermos mexer nas grandes narrativas, anulando-as, manchando as pinturas, derrubando os monumentos. Ainda haverá tempo, segundo Ailton Krenak, de contar novas histórias.  

Brinquedo de furar moletom, porta aviões

 

Um dos gestos mais repetidos da decoloniadade é, justamente, ir de encontro às imagens oficiais, e incluir os que ficaram subalternizados das narrativas, fora das bandeiras e dos projetos nacionais, obviamente, os afrodescendentes e os povos originários do Brasil.

Ele é dono do meu destino até o fim

 

Um monumento, como nos informa Achille Mbembe, nunca mantém, com o passado, “um trabalho consciente de simbolização”. Muito ao contrário, as variadas dominações se inscrevem sobre os sujeitos e sobre os espaços comuns, nas ruas e nos museus. O resultado são camadas variadas de constrangimento aos subalternizados, mantendo o culto aos que Mbembe denomina: “espíritos-canalha”.

Iluminai os terreiros, São Paulo

 

Para além dos acontecimentos memoráveis imortalizados pelos monumentos, sobrevivências outras se tornam pautas de lutas e revoltas. E Jaime Lauriano escreve no portão principal do MAR “a história do negro é uma felicidade guerreira”, adaptando os versos do mestre Gilberto Gil dedicado a um herói que demorou trezentos anos para ser reconhecido: Zumbi dos Palmares. Ou seja, além de contar mais histórias, ainda se almeja o caminho de uma felicidade guerreira, nas manifestações políticas, nas pautas sociais, nos terreiros, nas rodas e na banalidade de um cotidiano igualitário e inclusivo.

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Morte súbita

 

O Brasil

 

Serviço: Jaime Lauriano – Aqui é o fim do mundo
Museu de Arte do Rio
[segundo andar]
Abertura: 28 de abril de 2023
Até:1 º de outubro de 2023
Curadoria: Marcelo Campos e Amanda Bonan
Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro-RJ
21 3031-2741
A bilheteria do museu funciona de quinta-feira a domingo das 10h30 às 17h, sendo
possível permanecer no Pavilhão de Exposições até às 18h. 
Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia). 
Agendar uma visita: agendamento@museudeartedorio.org.br ou +55 (21) 3031-2742.