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A exposição “O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI” ocupa, a partir de 22 de julho, o espaço monumental da Casa França-Brasil, no centro do Rio, e apresenta ao público carioca um conjunto de 36 obras em diferentes técnicas, formatos e materiais.

Anna Bella Geiger e Leyla Botafogo - O Real Transfigurado
Anna Bella Geiger e Leyla Botafogo

 

Com o patrocínio da Petrobras e curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a exposição chama atenção para a influência e os diálogos com a arte povera na produção artística brasileira.

Este movimento, que teve origem na Itália no final dos anos 1960, buscava uma relação mais vivencial com a arte, em resposta a um mercado em ascensão que transformava a criação
artística em produto comercial. Para isso, os artistas da arte povera, em italiano arte pobre, usavam materiais diversos do cotidiano que nem sempre eram considerados nobres, e faziam
uma provocação tanto sobre o que era ser artista, com forte influência das ideias do francês Marchel Duchamp, como também do papel da arte na sociedade de consumo.

Antonio Manuel e Ana Linnemann
Antonio Manuel e Ana Linnemann

 

Assim como a pop arte e a arte conceitual, que se desenvolveram no mesmo período, esse movimento foi responsável por libertações técnicas e temáticas que abriram caminhos para várias questões que até hoje fazem parte das pesquisas contemporâneas.

A influência destas três vanguardas no Brasil do final dos anos 1960 aconteceu em meio ao conturbado cenário político e econômico da ditadura militar. Como resposta à repressão e à violência, grande parte da produção artística desta época trazia um caráter essencialmente subversivo e de denúncia. Se na Europa e nos Estados Unidos a crítica visava a sociedade de consumo, no Brasil, a contestação assumia o papel de resistência democrática, a favor da liberdade, onde o corpo era o principal espaço da ação artística.

Heleno Bernardi e Vanda Klabin
Heleno Bernardi e Vanda Klabin

 

Nos últimos anos, a importância da pop e da arte conceitual nessas esferas vem sendo estudada por diversos críticos, mas a povera, no entanto, permanece pouco conhecida tanto no ambiente artístico como pelo grande público. A exposição “O real transfigurado” reúne obras que exemplificam os diálogos entre questões da povera italiana e da experiência brasileira.

“Talvez uma das maiores contribuições desse movimento foi a provocação por uma
expressão artística pulsante contra uma ideia de objeto artístico estático. Para isso, os
artistas lançavam mão de materiais diversos, considerados vulgares pela tradição da arte,
como produtos perecíveis e até mesmo animais vivos, como é o caso da icônica obra “Pappagallo” feita por Jannis Kounellis em 1967.

Isabel Lofgreen, Anna Accioly e Mats Hjelm
Isabel Lofgreen, Anna Accioly e Mats Hjelm

 

Apesar de muito já se refletir sobre essas particularidades latino americanas nos movimentos pop e conceitual, ainda é pouca a Antonio Manuel – Repressão outra vez: eis o saldo, c. 1968 consciência, tanto da classe artística como do público geral, da importância da povera”, diz Rafael Fortes Peixoto, um dos curadores da mostra.

“A exposição traz artistas que se referem diretamente a arte povera com obras referenciais dos anos 1960 e 1970, como os trabalhos do Barrio, de Antonio Manuel e de Anna Bella Geiger. Além disso, as decorrências futuras dessa influência da povera chegam a produções como a de Nazareth Pacheco, Nelson Feliz e de Eliane Duarte, que é uma artista que merece ser revista no cenário da arte carioca e brasileira A exposição também tem o compromisso de apresentar artistas diretamente referenciados a este movimento durante o período da ditadura militar, assim como outros nomes, já dos anos de 1980 e 1990 que dialogam à distância, com estas questões.

Ligia Teixeira, Max Perlingeiro e Anna Braga
Ligia Teixeira, Max Perlingeiro e Anna Braga

 

A arte povera ainda é hoje uma fonte de referência essencial para se compreender a arte contemporânea brasileira”, explica o curador Marcus de Lontra Costa As obras que compõe a mostra pertencem à icônica Coleção João Sattamini, em
comodato com o MAC-Niterói desde 1991.

Composta por mais de 1000 obras, a coleção foi criada ao longo de trinta anos de colecionismo e traz um amplo panorama da produção artística brasileira da segunda metade do século XX. Entre os 33 artistas selecionados para a exposição estão nomes referenciais da arte brasileira, como Antonio Dias, Cildo Meireles, Anna Bella Geiger, Ernesto Neto, Frans Krajcberg, Arthur Barrio, Tunga, Nelson Felix, Iole de Freitas, Antonio Manuel, Nazareth Pacheco, entre outros.

Nelly Gutmacher e Adélia Xavier
Nelly Gutmacher e Adélia Xavier

 

Além de incentivar uma reflexão sobre a influência da povera no Brasil, a exposição pretende provocar o público a experienciar a arte fora de padrões estéticos e formais, percebendo a obra de arte como experiência do material no espaço, onde espectador e obra, exercem a mesma função.

Paulo Próspero e Raquel Silva
Paulo Próspero e Raquel Silva

 

“O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI” é a segunda de três exposições da série Paisagens Fluminenses que acontece ao longo de 2023. Contemplada na chamada do Programa Petrobras Cultural Múltiplas Expressões, conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, e o patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, com o intuito de revitalizar a Casa França Brasil, tomando como ponto de partida sua importância histórica de espaço de cultural e de valorização da produção artística brasileira. A primeira da série, “Navegar é Preciso – paisagens fluminenses”, ficou ambientada na Casa França-Brasil até o dia 9 de julho com grande sucesso de público.

Wilson Piran, Anna Bella Geiger e Adair Rocha
Wilson Piran, Anna Bella Geiger e Adair Rocha

 

Serviço:
O REAL TRANSFIGURADO | DIÁLOGOS COM A ARTE POVERA | COLEÇÃO SATTAMINI/MAC-NITERÓI
Curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto
Casa França-Brasil
Artistas: Afonso Tostes, Angela Freiberger, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Artur Barrio, Camille Kachani, Chico Cunha, Cildo Meireles, Emmanuel Nassar, Delson Uchôa, Eliane Duarte, Ernesto Neto, Farnese de Andrade, Frans Krajcberg, Iole de Freitas, Ivens Machado, Icléa Goldberg, Jorge Barrão, Jorge Duarte, Katie van Scherpenberg, Leda Catunda, Luiz Ernesto, Marcos Cardoso, Marcos Coelho Benjamin, Nelson Felix, Nazareth Pacheco, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Ricardo Ventura, Sérgio Romagnolo, Tunga, Wesley Duke Lee

Abertura: sábado, 22 de julho de 2023 – 16 horas
Exposição de 22 de julho a 17 de setembro de 2023
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro.
De terça a domingo, das 10h às 17h
Horário de atendimento exclusivo para pessoas com deficiência intelectual e mental: quartas -feiras de 10h às 11h. Local acessível para cadeirantes.
Entrada Gratuita – http://casafrancabrasil.rj.gov.br

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