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Instituto Inhotim – Como continuidade do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, mostras apresentam diferentes possibilidades da presença negra no campo da arte; Rubem Valentim é tema de uma das exibições; a outra exposição é coletiva, com a participação de mais de 30 artistas

Rubem Valentim em seu ateliê em Brasília, 1978. - Inhotim
Rubem Valentim em seu ateliê em Brasília, 1978.

 

Brumadinho, MG – O Instituto Inhotim abre ao público, no dia 23 de setembro, sábado, duas novas exposições temporárias: Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim e Direito à forma, na Galeria Lago e na Galeria Fonte, respectivamente. As mostras integram o Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra e ficam em cartaz até o próximo ano.

Com diversidade de artistas e técnicas, ambas as exposições trazem distintas possibilidades da presença negra no campo da arte e contam com a curadoria conjunta entre Igor Simões, curador convidado, e da curadoria do instituto, com Lucas Menezes e Deri Andrade, curadores assistentes do Inhotim. As exposições contam com o Patrocínio Master da Shell por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O núcleo central da exposição Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim é formado por obras de diferentes épocas da sua produção: desde pinturas da década de 1950, passando por seus relevos, objetos e emblemas serigráficos, até registros da construção do “Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira”, monumento em concreto de mais de oito metros de altura, erguido na Praça da Sé, em São Paulo, em 1978.

Também compõem a exposição trabalhos de outros artistas que apresentam interseções com o fazer artístico de Rubem Valentim, ampliando os debates que a exposição propõe.

Já a exposição coletiva Direito à forma evidencia trabalhos de artistas de variadas temporalidades e formas, como Ayrson Heráclito, Emanoel Araujo, Lucia Laguna, Luana Vitra, Mestre Didi, Mulambö, Rommulo Vieira Conceição, Sônia Gomes, Rebeca Carapiá e Yhuri Cruz. Soma-se à mostra uma programação educativa com curadoria de Jana Janeiro, curadora pedagógica convidada.

“O que está em jogo nas duas exposições são as inúmeras possibilidades de presença negra no campo da arte, para além de definições que tentam encapsular a produção artística afro-brasileira em um conjunto limitado de manifestações.

A experiência Atlântica também, nos dois casos, se abre como um campo de extrema importância para pensar essa produção. O que temos nas duas exposições são as provas concretas que qualquer tentativa de compreensão da arte brasileira tem de passar pela produção de artistas negros”, elucida Igor Simões, curador convidado das novas mostras.

“Na Shell, temos como pilares para patrocínios culturais a diversidade e inclusão como atributos centrais. Apoiar Inhotim e, em especial, as exposições que evocam o protagonismo negro em nossa cultura, fortalecem nosso compromisso em construir e consolidar esses pilares junto à sociedade brasileira”, afirma Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil. A companhia ocupa atualmente o segundo lugar entre as maiores patrocinadoras de cultura no país por meio de verba incentivada.

Sônia Gomes, sem título, da série Torções, 2021, Coleção Instituto Inhotim
Sônia Gomes, sem título, da série Torções, 2021, Coleção Instituto Inhotim

 

FAZER O MODERNO, CONSTRUIR O CONTEMPORÂNEO: RUBEM VALENTIM  

Rubem Valentim (Salvador, 1922 – São Paulo, 1991) se formou como artista nos espaços dos ateliês e das exposições, no trânsito entre Salvador, Rio de Janeiro, Londres, Roma, Veneza, Brasília, Dacar, São Paulo, entre outros lugares do mundo.

Desde a década de 1950, o artista é figura ativa no circuito de exposições; ele integra a Bienal de Veneza em 1962, está presente em oito panoramas promovidos pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo entre 1969 e 1988, assim como em diferentes bienais de São Paulo. Sua obra, marcada por emblemas e símbolos, geometrias complexas, composições bidimensionais, relevos, objetos, composições e cores, conecta Áfricas, Américas e Europas.

A exposição Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim apresenta um conjunto de obras da coleção do Instituto Inhotim que contempla mais de trinta anos de produção do artista, articuladas a trabalhos cedidos pelo Museu de Arte Moderna da Bahia, pelo Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e pelo Museu de Arte da Pampulha.

“A trajetória de Rubem Valentim é uma dessas referências emblemáticas que convocam uma revisão, ainda que tardia, e apontam existências negras como protagonistas, como definidoras daquilo que é a arte brasileira. Na mostra, também são apresentadas obras de artistas de diferentes gerações, cuja investigação encontra ressonância ora nas referências, nos processos e nas materialidades, ora na síntese contundente ou na postura crítica de Valentim”, detalha Lucas Menezes, co-curador da exposição.

Em vizinhança com as obras de Rubem Valentim, são incorporados à exposição trabalhos de outros artistas como Mestre Didi, Rosana Paulino, Emanoel Araujo, Jaime Lauriano, Rebeca Carapiá, Allan Weber, Bené Fonteles, Rubiane Maia, Froiid e Jorge dos Anjos. Dos artistas mineiros Froiid e Jorge dos Anjos são exibidas novas obras comissionadas pelo Instituto Inhotim.

O primeiro apresenta uma instalação composta por 25 quadros que terão sua disposição alterada diariamente. Já Jorge dos Anjos traz duas esculturas em aço, uma exposta no espaço da galeria e outra na área externa. Em articulação com o espaço expositivo, a mostra conta com um espaço ateliê que será ativado a partir de programação pedagógica construída pelo Educativo do Inhotim.

Artistas na exposição Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim 

Rubem Valentim, Allan Weber, Bené Fonteles, Emanoel Araujo, Froiid, Jaime Lauriano, Jorge dos Anjos, Rosana Paulino, Rebeca Carapiá e Rubiane Maia.

  

DIREITO À FORMA 

Mais de 30 artistas participam da mostra coletiva Direito à forma, em interlocução com a coleção do Instituto Inhotim, que tem se formado a partir de novas aquisições com foco na produção de autoria negra. A exposição apresenta um panorama da produção de pessoas artistas negras, de diversos períodos.

“O direito a uma investigação formal é o ponto de partida das obras que ocupam o espaço. Seja em consonância ou em contraposição, esses trabalhos reposicionam uma discussão sobre a arte de autoria negra, muito relacionada, nos últimos anos, à figuração.

Ancorada, assim, em pesquisas diversas, a mostra traz um panorama da arte produzida atualmente no país e fora deste, mostrando-se enquanto um local de debates e construções narrativas para uma outra história da arte no Brasil”, explica Deri Andrade, co-curador de Direito à forma.

Entre as ausências e as presenças na própria coleção, é evidente que, à pessoa artista negra, as possibilidades são múltiplas. Em trabalhos que por vezes se tocam, se aproximam e se afastam, essas nuances são postas lado a lado, tensionando e reativando as discussões sobre o que se tem entendido sobre a arte produzida por pessoas negras no país do cânone branco brasileiro.

Foram selecionados 60 trabalhos para essa mostra, entre elas, o vídeo-documentário Orí (1989), de Raquel Gerber, sobre a historiadora, ativista do movimento negro e intelectual Beatriz Nascimento, que é um dos pontos de partida da coletiva, e a instalação comissionada pelo Instituto Inhotim Dança dos Mortos Egunguns (2023), de Eneida Sanches. 

Direito à forma abrange uma produção artística que tem investigado proposições sobre forma, em relação a temas pertinentes ao Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, que ocupa o calendário do Inhotim entre 2021 e 2024.

Artistas na exposição Direito à forma 

André Vargas, Antonio Tarsis, Ayrson Heráclito, Ana Cláudia Almeida, André Ricardo, Castiel Vitorino Brasileiro, Cipriano, Edival Ramosa, Edu Silva, Emanoel Araujo, Eneida Sanches, Iagor Peres, Isa do Rosário, Igshaan Adams, Helô Sanvoy, Jabulani Dhlamini, Juliana dos Santos, Lucia Laguna, Luana Vitra, Marcel Diogo, Mestre Didi, M0XC4, Mulambö, Rommulo Vieira Conceição, Siwaju Lima, Rubem Valentim, Raquel Gerber, Rebeca Carapiá, Sônia Gomes, Tadáskía, Thiago Costa e Yhuri Cruz.

EQUIPE CURATORIAL  

Deri Andrade – co-curador de Direito à forma e curador assistente do Inhotim

Igor Simões – curador convidado das exposições Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim Direito à forma 

Jana Janeiro – curadora pedagógica convidada
Lucas Menezes – co-curador de Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim e curador assistente do Inhotim  

SERVIÇO 
Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim, na Galeria Lago (eixo rosa)
Data: de 23 de setembro de 2023 a setembro de 2024
Direito à forma, na Galeria Fonte (eixo amarelo)
Data: de 23 de setembro de 2023 a março de 2024

 

INFORMAÇÕES GERAIS  

INSTITUTO INHOTIM   

Horários de visitação: de quarta-feira a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.

   
Entrada: R$ 50,00 inteira (meia-entrada válida para estudantes identificados, maiores de 60 anos e parceiros). Crianças de até cinco anos, moradores do Inhotim cadastrados no programa Nosso Inhotim e Amigos do Inhotim não pagam entrada.

Entrada gratuita: Quarta-gratuita Inhotim (todas as quartas-feiras são gratuitas) e Domingo Gratuito Inhotim + B3 (último domingo do mês)

 

Localização: O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na altura da entrada para o Retiro do Chalé. 

Opções de transporte regular 

 

Inhotim Loja Design      

A loja do Inhotim, localizada na entrada do Instituto, oferece itens de decoração, utilitários, livros, brinquedos, peças de cerâmica, vasos, plantas e produtos da culinária típica regional, além da linha institucional do Parque. É possível adquirir os produtos também por meio da loja online.     

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