Academia Brasileira de Letras lembra Nelson Pereira dos Santos Documentário sobre o cineasta será exibido dia 9 de novembro. Ao longo de seis décadas, o cinema de Nelson Pereira dos Santos projetou o Brasil aos olhos do mundo. Precursor do Cinema Novo, Chévalier de la Légion d’Honneur e Comendador des Arts e de Lettres na França, Nelson foi, mais que um realizador, um ideólogo, um pensador do seu país.
Esta é a sinopse do documentário “Nelson Pereira dos Santos – Vida de cinema”, documentário de Ivelise Ferreira, sua viúva, e Aída Marques, que será exibido no próximo dia 9 de novembro no teatro R.Magalhães Jr. Às 17.30h. A entrada é franca.
“Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema” é narrado na primeira pessoa e exibe o percurso do grande cineasta brasileiro, um dos mais reverenciados do país, cujo talento atravessou fronteiras e conquistou importantes premiações internacionais. Mais de 80 horas de gravações de arquivo foram reunidas para a seleção de imagens, filmes e entrevistas do diretor.
A trilha sonora também é uma homenagem ao precursor do Cinema Novo: de autoria de Tim Rescala, harmoniza as notas em perfeita sintonia com a trajetória de Nelson. Criada especialmente para
o documentário, traz referências de Villa Lobos e Tom Jobim, dois de seus compositores brasileiros preferidos.
O olhar sensível e privilegiado de Nelson conduz e traça o percurso da produção, com o seu DNA de brasilidade. E as imagens escolhidas para acompanhar as suas falas ao longo de 100 minutos promovem o encadeamento perfeito da narrativa, despertando no público a vontade de mergulhar no vasto e rico universo do cineasta.
No documentário, relatos de sua vida pessoal, do seu processo criativo e também do sucesso que obteve ao longo de 60 anos de carreira. Aída Marques e Ivelise Ferreira revelam que o projeto teve início em 2017, pouco menos de um ano do falecimento do cineasta ocorrido em abril de 2018. O desejo de Ivelise de realizar um documentário sobre a vida e obra do marido, com quem trabalhava desde o início dos anos 1990, juntou-se à vontade acalentada por Aída, produtora, cineasta e professora de Cinema e Audiovisual do curso fundado por Nelson Pereira dos Santos na Universidade Federal Fluminense.
As duas assumiram a empreitada e partiram em busca de patrocínio e… de diretor. Nelson, que acompanhava a movimentação, percebeu que elas seriam as pessoas certas para dirigir o filme. – “Melhor vocês fazerem juntas” – afirmou o cineasta.
Ambas tinham a esperança de concluir o filme em menos de 12 meses, a tempo de comemorar os 90 anos de Nelson. Mas só conseguiram uma promessa de patrocínio em 2019, um ano após a morte dele. Independentemente das dificuldades – incluindo-se aí o período de isolamento durante a pandemia da COVID – o trabalho prosseguiu remotamente, com o apoio de um grupo de especialistas em tecnologia. Nos arquivos, reuniram mais de 80 horas de filmes e vídeos e foram fazendo grandes descobertas.
– “Encontramos Nelson em várias idades” – afirmam as diretoras. – “Descobrimos verdadeiras preciosidades, como as imagens
inéditas do início dos anos 60, quando Nelson era jovem, além do making of de ‘Juventude’, o primeiro filme que Nelson fez” – revela Ivelise. – “As imagens praticamente inéditas das gravações de Radamés Gnattali com Tom Jobim, para o programa da TV Manchete com o
mesmo título que originou o celebrado filme ‘A Música Segundo Tom Jobim’ são outro valioso achado” – completa Aída.
Segundo as diretoras, o documentário exibe características marcantes de Nelson Pereira dos Santos como cineasta, produtor e professor. – “Como cineasta, Nelson sempre foi um pensador do Brasil. ‘Vidas Secas’, um dos filmes nacionais mais premiados de todos os tempos, é uma obra prima” – diz Aída. – “Nelson é considerado o pai do Cinema Novo; ele era o mais velho da turma de jovens cineastas que transformaram o modo de fazer cinema no país” – conclui Ivelise.
“A decisão de inscrever o documentário no festival de Cannes não foi à toa”, conta Ivelise. “Os filmes de Nelson sempre foram muito bem recebidos em Cannes, e dois deles foram premiados: 1964 – Prêmio OCIC, por ‘Vidas Secas’; e em 1984 – Prêmio FIPRESCI, por ‘Memórias do Cárcere. A expectativa foi grande, e no dia 26 de abril recebemos a informação de que o documentário havia sido selecionado para a mostra”. Vale ressaltar que o cineasta também receberá uma homenagem póstuma no Festival.
Colecionador de homenagens, Nelson Pereira dos Santos foi o primeiro cineasta eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 2006. Também Bacharel em Direito, professor e jornalista, criou o primeiro curso de cinema do país, na Universidade de Brasília – UNB, e fundou o curso de graduação em cinema da Universidade Fluminense – UFF.
Um dos mais recentes sucessos de Nelson foi a “A Música Segundo Tom Jobim”, de 2012, que surpreendeu os apaixonados por cinema: o diretor abriu mão de uma cinebiografia clássica do músico e exibiu imagens de arquivo de uma série de interpretações (nacionais e internacionais) de músicas do compositor, sem qualquer tipo de narração ou legenda.
Entre as obras de Nelson Pereira dos Santos constam “Rio, 40 Graus” (1955), “Rio Zona Norte”(1956), “Vidas Secas” (1963), “Fome de Amor” (1968), “Azyllo Muito Louco” (1970), “Como Era Gostoso O Meu Francês” (1971), “Tenda dos Milagres” (1977), “O Amuleto de Ogum” (1973), “Estrada da Vida” (1980), “Memórias do Cárcere” (1984), “A Terceira Margem do Rio” (1994), “Cinema de Lágrimas” (1995), série realizada com outros cineastas, entre os quais Martin Scorsese e Jean-Luc Godard, “Casa Grande e Senzala” (2000), “Raízes do Brasil” (2003), “Brasília 18º” (2006), “A Música Segundo Tom Jobim” (2011) e “A Luz do Tom” (2013).
Sinopse
Ao longo de seis décadas, o cinema de Nelson Pereira dos Santos projetou o Brasil aos olhos o mundo. Precursor do Cinema Novo, Chévalier de la Légion d’Honneur e Comendador des Arts e de Lettres na França, Nelson foi, mais que um realizador, um ideólogo, um pensador do seu país.
No Festival de Cannes, “Vidas Secas” (Prix OCIC, Prix de la Jeunesse), “Azyllo Muito Louco” e “O Amuleto de Ogum” competiram pela Palma de Ouro. “Quem é Beta?”, “Como Era Gostoso o Meu Francês” e “Memórias do Cárcere” (Prêmio FIPRESCI) participaram da Quinzena dos Realizadores. “Cinema de Lágrimas”, realizado a convite do BFI, teve sua estreia em sessão comemorativa dos 100 anos do cinema. Em 2012, “A Música Segundo Tom Jobim”
foi exibido em sessão homenagem ao cineasta brasileiro.