O projeto envolve fazer toda a transferência, higienização, catalogação e descrição do estado de conservação do acervo integral do museu
Stephan Schäfer – GOIÂNIA — O Museu Zoroastro Artiaga deve iniciar um grande projeto de restauração em novembro. A iniciativa, financiada pelo Governo de Goiás e apoiada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), tem orçamento de R$ 6,6 milhões e aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho inclui transferência, limpeza, catalogação e documentação das condições do acervo do museu.
O projeto faz parte de um plano mais amplo de preservação da Praça Cívica, área que já passou por reformas do Centro Cultural Marietta Telles, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e do Palácio das Esmeraldas. A secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, descreveu a iniciativa como um esforço significativo dentro da agenda cultural da administração.
A restauração, projetada pela Superintendência do Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, terá como objetivo recuperar as características originais do edifício e atualizar seus componentes estruturais e funcionais. O projeto também inclui uma nova proposta museográfica para reimaginar o uso dos espaços do museu. Melhorias de acessibilidade e medidas de segurança complementarão as intervenções arquitetônicas e museológicas.
Desinfecção e higienização usando uma atmosfera anóxica estão planejadas para preparar a coleção para futuras exposições a cargo do restaurador alemão radicado no Brasil Stephan Schäfer. A coleção do museu inclui peças arqueológicas, mineralógicas, etnológicas indígenas, arte sacra e arte popular que documentam a história de Goiás e Goiânia desde sua criação até hoje.
O museu, localizado no centro de Goiânia, foi construído originalmente entre 1942 e 1943 como sede do Departamento de Imprensa e Propaganda. Foi transformado em museu em 1946 e recebeu o nome de Zoroastro Artiaga, seu primeiro diretor. É reconhecido como um importante marco cultural e histórico, tombado como Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Estado em 1998 e pelo Iphan em 2004.
Este projeto de restauração sinaliza um investimento contínuo na infraestrutura cultural de Goiânia, conectando o passado e o presente por meio de esforços arquitetônicos e museológicos.
Sobre Stephan Schäfer
Radicado no Brasil há 28 anos, Stephan Schäfer dedica-se a restaurar e conservar obras e acervos de instituições artísticas e culturais, galerias e coleções privadas. Com mestrado na Alemanha e pós-graduação na Universidade de Delaware nos EUA, estudos em Ciências da Conservação na Universidade Nova de Lisboa junto ao Instituto Holandês de Física Atômica e Molecular, química orgânica e marcenaria de móveis em madeira maciça na Universidade de Hannover.
Durante 2004, Schäfer foi pesquisador convidado no grupo de Molecular Painting Studies, tendo a oportunidade de analisar as técnicas e materiais do renomado pintor Vincent van Gogh. De 2003 a 2009, foi professor e docente responsável da área de conservação e restauro de pinturas e arte contemporânea no Departamento de Conservação e Restauro da Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Recentemente atuou na recuperação de aproximadamente 650 caixas de documentos históricos e 100 maços de documentos de grandes dimensões do arquivo do Museu Estadual do Carvão no Rio Grande do Sul após enchentes.