O longa-documentário “Hora do Recreio”, escrito, produzido e dirigido por Lucia Murat (“O Mensageiro”), acaba de ser selecionado para a Mostra Generation, voltada para o público infantojuvenil, da 75ª edição do Festival de Berlim, na Alemanha.

Esta é a terceira vez da diretora no festival, depois de participar com “Maré – Nossa Doce História de Amor”, em 2007, e “Doces Poderes”, em 1997. Com o objetivo de provocar a discussão sobre a educação no país sob a perspectiva de alunos dos ensinos fundamental e médio, com idades entre 14 e 19 anos, o documentário, que será distribuído no Brasil pela Imovision, aponta os problemas vividos por adolescentes de quatro escolas de diferentes comunidades e bairros do Rio de Janeiro e suas famílias.
Partindo de uma pesquisa realizada com professores da rede pública, geralmente apresentados por meio de estatísticas, o projeto une debates com os alunos em sala de aula – sobre os temas evasão escolar, racismo, tráfico de drogas, bala perdida, feminicídio e gravidez precoce – com performances ficcionais. A partir da dramatização da peça de teatro baseada no livro “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, escrito no início do século XX, que mostra o abuso sofrido por uma jovem negra suburbana, realizada pelos grupos Nós do Morro, do Vidigal; Grupo de Teatro VOZES, do Cantagalo; e Instituto Arteiros, da Cidade de Deus, os jovens comparam as interpretações às suas vivências como moradores do Morro da Previdência, Morro do Alemão, Colégio e Vidigal.
“A experiência junto aos adolescentes de ‘Hora do Recreio’ foi das mais emocionantes dos meus muitos anos de filmagem. A coragem com que eles contaram os sofrimentos que tiveram com suas famílias junto a uma capacidade de articular essas questões deixaram a equipe admirada”, comenta a diretora, que continua: “Já os alunos de teatro dos grupos com que trabalhamos mostraram uma dedicação e uma disciplina dignas de profissionais tarimbados. Encararam sem medo aquele texto duro e difícil do início do século XX e ao mesmo tempo conseguiram dar ao filme uma leveza, já que com muito humor conseguiam rir do passado e fazer um paralelo com as suas vivências de hoje”, conclui.

FICHA TÉCNICA
Roteiro, produção e direção: Lucia Murat
Produção executiva: Julia Levy
Direção de produção: Luna Mancini
Direção de fotografia: Bacco Andrade
Produção e preparação de elenco: Luciana Bezerra
Edição: Mair Tavares e Marih Oliveira
Som direto: Heron Alencar
Edição de som: Mino Alencar
Música original e mixagem: Bernado Uzeda
Distribuição: Imovision
ELENCO
Brenda Viveiros (Clara dos Anjos)
Gustavo Veiga (Cassi)
Renan Dionata (Narrador 1)
Dandara Mello (Narrador 2)
Raquel Martins (Narrador 3)
Aninha Cruz (Narrador 4)
Maju Ferreira (Narrador 5)
Lucas Bezerra (Narrador 6)
Professoras:
Luciana Bezerra
Leandra Miranda
GRUPO DE MÁSCARAS
Coordenador: João Vitor Nascimento
Andy Alexandre
Carlin Sant
Emilly Souza
Giulia Marinho
Hiane Neves
João Felix
Keyte Martins
Marlon Lopes
Pablo Vileo
Romec
Sarah Cordeiro
APOIO
Sesc
Como manda o figurino
Supervia
Rio Film Commission
PATROCÍNIO
Empresa Distribuidora de Filmes S.A. – RioFilme
Agência Nacional de Cinema – Ancine | Fundo Setorial do Audiovisual – FSA | Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE

Site:
LUCIA MURAT | Diretora
Diretora (Rio de Janeiro – Brasil). Seu primeiro longa-metragem, o semidocumentário “Que Bom te ver Viva” (1989), estreou no festival de Toronto e revelou uma cineasta dedicada a temas políticos e femininos, ganhando o prêmio de melhor filme do júri oficial, do júri popular e da crítica no Festival de Brasília de 1989. Com “Doces Poderes” (1995), estreou no festival de Sundance e no festival de Berlim. Em 2000, lançou “Brava Gente Brasileira” e, em 2004, “Quase Dois Irmãos”, que lhe rendeu inúmeros prêmios, entre eles os de melhor direção e melhor filme Latino-Americano pela Fipresci no Festival do Rio 2004, e melhor filme no festival de Mar del Plata 2005. No Festival do Rio de 2005 estreou o documentário “O Olhar Estrangeiro” e, na edição de 2007, “Maré, nossa história de amor”, uma coprodução Brasil-França, também exibido no Festival de Berlim.
Em 2010 filmou o documentário/ensaio “Uma Longa Viagem”, grande vencedor do Festival de Gramado e, em 2013, lançou o filme “A Memória Que Me Contam”, vencedor do prêmio da crítica internacional no festival internacional de Moscou. Em 2015 lançou o documentário “A Nação Que Não Esperou Por Deus” e, no mesmo ano, o filme “Em Três Atos”, uma coprodução francesa. Em 2017, ganhou no Festival do Rio os prêmios de melhor direção e melhor atriz com “Praça Paris”, que teve inúmeros prêmios internacionais, inclusive o de melhor filme da crítica internacional. Em 2021 lançou “Ana. Sem Título”, filmado em Cuba, México, Chile, Argentina e Brasil e em 2024 o longa-metragem de ficção “O Mensageiro”. “Hora do Recreio” seu último filme terá estreia internacional no festival de Berlim na mostra Generation 14plus.
TAIGA FILMES | Produtora
Taiga Filmes é uma produtora criada pela jornalista e cineasta Lucia Murat no início dos anos 80 e que além de clips, comerciais e programas para TV, produziu filmes que estrearam em importantes festivais nacionais e internacionais como Berlim, Sundance, Toronto, Festival do Rio, Brasília, Mar del Plata, Havana dentre tantos outros, tendo recebido diversos prêmios da crítica, júri e público.
Dos trabalhos realizados pela cineasta, destacam-se, além dos filmes de longa-metragem, séries para televisão como “Vestígios do Brasil”, com doze episódios, baseada no Relatório Figueiredo que revelou a história da expansão territorial brasileira do século XX através da tomada dos territórios indígenas.
IMOVISION | Distribuidora
Presente no Brasil há trinta anos, a Imovision vem se consolidando como uma das maiores incentivadoras do melhor do cinema mundial na América Latina, tendo lançado mais de 500 filmes no Brasil. Criada pelo empresário Jean Thomas Bernardini, a distribuidora tem em seu catálogo realizações de consagrados diretores estrangeiros e brasileiros, e filmes premiados nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, como Cannes, Veneza e Berlim. Mantendo seu foco em títulos de qualidade, a Imovision fortificou o cinema francês no Brasil e foi a responsável por introduzir cinematografias raras e movimentos internacionais expressivos no país, como o movimento Dogma 95 e o Cinema Iraniano. Desde a retomada, vem também distribuindo importantes filmes brasileiros.