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Amanhã 22/06 Beth Neves assina seu livro “Uma relação sem nome”

 

A renomada artista visual Beth Neves fará a sua estreia literária no Rio de Janeiro com o lançamento do livro “Uma relação sem nome”, uma obra de auto ficção publicada pela Editora Degustar. O evento acontecerá no dia 22 de junho, às 18h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.

Com a contribuição da renomada psicanalista e escritora Regina Navarro Lins no prefácio da obra, o livro incentiva o diálogo aberto sobre os relacionamentos amorosos. No evento de lançamento, a especialista estará presente em uma conversa com a escritora, mediada por Marina Caruso, editora da revista “Ela”, do jornal O Globo, às 20h.

O projeto literário trata do reencontro de duas pessoas maduras, com mais de 60 anos, que haviam se relacionado amorosamente há 30 anos, mas que foram separadas pelas circunstâncias da vida. A obra não segue uma cronologia linear dos eventos; em vez disso, utiliza o registro do tempo para expor os opostos de presença e ausência.

Neste livro de memórias ficcional, a autora retrata, de forma madura e realista, as alegrias e as dores da alma apaixonada, explorando as peculiaridades de um casal amoroso. Com respeito à liberdade de escolha, a obra convida o leitor  a refletir sobre diferentes formas de amar, livre de idealizações e julgamentos.

O livro começa quando Luiza, nossa protagonista, reencontra Dann, um antigo amor, através de um aplicativo de redes sociais, enquanto estão em países diferentes. À medida que as mensagens se tornam mais frequentes, o fascínio e o desejo alimentam a paixão, que é vivida de maneira peculiar em encontros realizados durante viagens por países exóticos ao redor do mundo.

Explorando os altos e baixos dessa relação, Luiza compartilha suas experiências ao lado do ser amado, imersa em uma montanha-russa de emoções intensas e contraditórias, que vão desde a euforia até a  solidão, enquanto vive na angustiante expectativa de ser correspondida.

Com o objetivo de aprimorar a jornada literária, ao longo das 181 páginas, este livro oferece uma trilha sonora cuidadosamente selecionada para aprofundar a experiência de leitura. Para estabelecer uma conexão ainda mais profunda, uma playlist com a extensão de 6 horas e 17 minutos foi criada, transportando o leitor para um universo musical que retrata os altos e baixos da relação amorosa retratada. Para acessar essa experiência musical, basta escanear o QRCode, localizado de forma conveniente na contracapa do livro, permitindo ao leitor desfrutar das melodias compartilhadas no decorrer dos encontros vivenciados pelos personagens.

UMA RELAÇÃO SEM NOME | PREFÁCIO DE REGINA NAVARRO LINS

 “Romper com os padrões estabelecidos e poder escolher a forma que se deseja viver.”

 Êxtase, euforia, apreensão, dias inquietos noites insones… A paixão nos faz olhar o mundo de outra forma. Tudo assume cores e matizes surpreendentes. É possível estar entre muitas pessoas e ficar preso por uma única imagem. Todos desaparecem, e a pessoa amada se torna a única presença que nos importa. Entramos em contato com uma dimensão nossa, até então desconhecida, o que enriquece a vida. Por isso, todos os apaixonados pressentem que um dia podem perder, a qualquer momento, a pessoa amada e sofrem.

 Neste livro você acompanhará a história de Luiza e Dann. A paixão é grande, os encontros são intermitentes, os lugares visitados, de carro ou de moto, são longínquos e fascinantes. Eles se conheceram há trinta anos, mas não tinham mais se visto. Há sete anos Luiza sentou-se em frente ao computador, procurou-o no facebook, e lhe enviou uma mensagem. “Desse momento em diante você vai se perder em um labirinto que, até agora, era só meu.”

 Você oscilará, junto com Luiza, em diferentes momentos de sensibilidade. Essas experiências por si só já garantiriam o prazer da leitura, mas isso é apenas o entorno de uma narrativa que envolve uma relação amorosa bastante peculiar. São anos de idas e vindas, de encontros e solidão, de desejos e afetos. Acompanhamos a narrativa  muitas vezes rindo das ironias, que se apresentam, ou sentindo o peso das situações vividas.

 Todas as relações amorosas merecem nomes para nós: maravilhosas ou difíceis; inesquecíveis ou ridículas, mas no livro de Beth a relação de Luiza com Dann não se enquadra aí. É o resultado do encontro de duas pessoas com uma visão muito especial do mundo. Dann, não desejava nenhuma relação minimamente estável. Alegava não conseguir ficar mais de dois dias com uma pessoa. Não admitia que Luiza ficasse a seu lado além do tempo anteriormente combinado.

 Luiza lamenta a posição de melhor amiga” em que é colocada diversas vezes ao longo do relato. Ao mesmo entende, como diz, que “nada com Dann seria dentro do padrão.”

 Romper com os padrões estabelecidos e poder escolher a forma que se deseja viver é admirável. Mas muitos supõem que a intimidade os torna totalmente vulneráveis. Ter uma relação de intimidade quer dizer receber o outro dentro do nosso território íntimo sem por isso achar que fomos invadidos. Esse temor faz com que se rompa o relacionamento ou magoe o parceiro (a). Assim há quem evite qualquer contato mais frequente, tentando resistir à intimidade. O medo das consequências do amor é grande – de não ser gostado e ser abandonado… O que limita bastante a vida. Dann teria medo de aprofundar a relação com Luiza? Não sabemos.

 Os encontros de Luiza com seu amado ao redor do mundo tornam a narrativa um carrossel global; somos conduzidos entre a alegria e a surpresa do reencontro num cenário extravagante, ou o desânimo e a tristeza de um desajuste inesperado. Um dos equívocos de uma relação amorosa é acreditar que os dois têm que se transformar numa só pessoa.

Nem os pensamentos podem ser reservados. Muitos acreditam que amar alguém é estar tão misturado que fica difícil saber quem é quem. Isso acontece porque as pessoas imaginam que assim estarão completas, que nunca se sentirão desamparadas. Os dois têm que gostar sempre das mesmas coisas e, é lógico, só admitem sair juntos. Se um não for, o outro não vai, e os amigos, se houver, têm que ser comuns.

 O condicionamento cultural é tão forte que chegamos à idade adulta sem saber o que realmente desejamos e o que aprendemos a desejar. Isso ocorre em todas as áreas, portanto, também no que diz respeito ao amor. As regras sobre o que é amar ou ser amado são muitas. Se você sentir isso, não é amor. Agora, se sentir aquilo, aí sim é amor. Às vezes escutamos alguém dizer: “Quem ama quer ficar o tempo todo ao lado da pessoa amada, nada mais lhe interessa.” Felizmente nada disso é verdade.

 Uma nova forma de amor está surgindo. Sem idealização você vai poder perceber a pessoa do jeito que ela é, e não do jeito que você inventou. Tudo indica que esse amor será baseado no companheirismo, na amizade e na solidariedade. Isso me parece ótimo, afinal, questões de amor estão entre as grandes causas do sofrimento humano.

Para o historiador inglês Theodore Zeldin os humanos são capazes de introduzir novos significados no amor sem parar, e ficar surpresos como quem acabou de transformar trigo em pão, pudim de frutas em mil folhas.

 O amor pode ser vivido de diversas maneiras… Alguns se agarram aos padrões conhecidos, apesar da insatisfação – o novo assusta, o desconhecido gera insegurança. Outros refletem sobre crenças aprendidas e se livram do moralismo e dos preconceitos. Mas para isso é preciso ter coragem. E foi essa coragem que permitiu a autora aprofundar-se em uma relação amorosa tão singular. Uma relação sem nome.

Amanhã 22/06 Beth Neves assina seu livro “Uma relação sem nome”

Beth Neves
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